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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O mistério das crianças verdes de Woolpit



Estima-se que o fato inusitado tenha ocorrido em algum momento entre 1135 e 1154, durante o reinado do rei Stephen, na Inglaterra. O acontecimento se deu na aldeia de Suffolk Woolpit, perto de Bury St. Edmunds.

Enquanto os agricultores trabalhavam nos campos, eles viram emergir de uma cova profunda, que era cavada para conter os lobos (wolf pits – daí o nome da cidade) duas crianças pequenas, estranhamente vestidas e de pele verde.

As crianças eram literalmente verdes, e isso chamou a atenção de todos. Tratava-se de um menino e uma menina, que pareciam assustados e surpresos. Suas roupas eram feitas com materiais estranhos, cuja cor nunca foi precisamente descrita,  e cujos cortes eram desconhecidos na região. As crianças estavam andando desorientados, e vagavam amparando-se um no outro. Os dois foram então levados pelos ceifeiros para a aldeia, onde os moradores se juntaram e correram, para ver as “crianças verdes”.

As pessoas imediatamente começaram a fazer perguntas, e estranhamente as crianças interagiam, embora ninguém tenha sido capaz de compreender a linguagem dos dois.  Como ninguém da aldeia conseguiu entender lhufas do que as crianças falavam, os moradores resolveram levar o caso à instância superior.
Assim, pegaram os dois e levaram-nos para a casa do dono das terras, Sir Richard de Calne.

Após algum tempo as crianças pareciam muito aflitas e não demorou para explodirem em lágrimas. Elas também se recusaram a comer pão ou qualquer outro alimento que as pessoas tentaram lhes oferecer. Algum tempo passou, mas as crianças não comiam. Foi então que elas viram uma vagem de feijão e fizeram sinais que foram interpretados como sinal de que estavam com fome. As pessoas trouxeram vagens para as crianças, mas curiosamente, estas dedicaram-se a abrir os talos ao invés das vagens. E tão logo não encontraram nada dentro, desataram a chorar novamente.  A situação ficava cada vez mais estranha.  Alguém ensinou os dois, através de sinais simplórios a abrir as vagens e comer os feijões. E dessa maneira estranha, as duas crianças verdes se mantiveram alimentando-se durante muitos meses, até que gradualmente começaram a aceitar o pão em sua dieta.

Com o passar do tempo, o menino, que aparentava ser o mais jovem dos dois ficou deprimido, e logo adoeceu. Em pouco tempo ele morreu de causas desconhecidas. A menina entretanto, gradativamente se adaptou a uma nova vida e inclusive foi batizada.  Com a passagem dos anos, sua pele foi perdendo lentamente a coloração verde e ela se tornou uma mulher jovem e saudável. Ela aprendeu o idioma Inglês e, depois, se casou com um homem da cidade vizinha de Lavenham (ou King’s Lynn, no condado vizinho de Norfolk). Depois de alguns anos, ela ficou viúva. Algumas fontes afirmam que ela tomou o nome de “Agnes Barre e se casou com um homem que era um embaixador de Henry II. Diz-se também que o atual Conde Ferrers é descendente dela através de casamentos mistos.
Quando questionada sobre seu passado, a menina só foi capaz de se relacionar vagos detalhes sobre o bizarro local de onde as crianças tinham vindo e a ainda mais estranha explicação de como chegaram Woolpit.
Segundo a menina afirmou, que ela e o menino eram irmão e irmã, e tinha vindo de “terra de San Martin” onde o crepúsculo era perpétuo, e todos os habitantes eram de cor verde como eles.
Ela não tinha certeza exatamente onde se localizava sua terra natal, mas segundo disse, uma outra terra luminosa podia ser vista através de um “enorme rio” que separava as duas.
A menina verde também disse que se lembrava apenas que um dia eles estavam cuidando de rebanhos de seu pai nos campos e seguiram um animal até em uma caverna, onde ouviram o som alto dos sinos.

Extasiados, eles vagaram pela a escuridão da caverna, seguindo o som por um longo tempo até que eles chegaram à boca da caverna, onde foram imediatamente cegos pela luz do sol brilhando. Ficaram impressionados por longo tempo, até que o barulho dos ceifeiros os aterrorizou. Os dois se levantaram e tentaram fugir, mas foram incapazes de localizar a entrada da caverna, antes de serem capturados.

O misterioso caso das crianças verdes tem sido, ao longo de muitos anos objeto de estudos de especialistas de diversas áreas, intrigados com a mesma. Alguns acreditam que ela possa ser apenas um conto de fadas do século XII, que de tão estranho, foi ganhando ao longo dos séculos roupagens cada vez mais realistas.
Existem ainda especulações que dariam conta que as duas crianças seriam alienígenas ou seres intraterrenos, que ao aventurarem-se em seus mundos de origem, acabaram sendo transportados para a Terra, não se sabe como, onde e porque.
O número de hipóteses para explicar o fato é bastante fértil. Uma das mais possíveis e plausíveis explicações para a história das crianças verdes remonta a uma “lenda das crianças na floresta”. A lenda foi publicada pela primeira vez em Norwich, em 1595, e provavelmente definida em Wayland Wood, perto de Thetford Forest na fronteira Norfolk-Suffolk. A história diz respeito a um conde de Norfolk que era o tio e tutor de dois filhos, um menino de três anos e uma menina mais nova. A fim de herdar seu dinheiro, o maquiavélico tio contrata dois homens para levá-los para a floresta e matá-los. Como era de se esperar (Branca de Neve clichê detected ) os assassinos de aluguel são incapazes de “liquidar as faturas” e resolvem, apenas abandoná-los em Wayland Wood, onde os dois acabam por morrer de inanição e exposição ao frio.
Posteriormente, surgiu uma variação nesta lenda onde o tio tenta, sem sucesso, envenenar as crianças com arsênico. E ambas escapam pela floresta e vão emergir da floresta em Woolpit Heath onde são encontrados pelos ceifeiros. O veneno Arsênico é então apresentada por alguns como o motivo para a pele das crianças ser verde.

A hipótese ainda mais provável é que o mistérios das crianças verdes seja produto de fatos reais e imaginários, como acontece com praticamente todos os textos antigos. Sob este ponto de vista, o mitólogo Paul Harris levanta a hipótese de que os dois jovens provinham originalmente da vila de Fornham St. Martin, portanto, o “St. Martin” é plenamente referenciado na explicação da menina verde.

Paul Harris sugere que a origem da história tenha dados de época errados. Segundo pesquisador os fatos que deram origem a esta lenda teriam origem em 1173, num período conturbado marcado pela perseguição de imigrantes culminando com a morte de milhares de pessoas. Neste contexto, a vila de Fornham St. Martin ficava a poucos quilômetros de Woolpit, onde as crianças surgiram. E curiosamente, os dois locais são separados pelo rio Lark, que é provavelmente o rio gigante mencionado pela menina na lenda. Paul Harris sugere que depois que seus pais haviam sido mortos no conflito, as duas crianças imigrantes haviam fugido para a floresta densa e escura de Thetford Forest. Elas teriam se esocndido em cavernas locais que realmente existem e o sino que escutaram seria o sino da cidade.

A razão pelo qual as pessoas nunca teriam entendido o que as crianças verdes falavam é que elas eram imigrantes, possivelmente Flamengas, e dessa forma, o idioma delas nunca seria compreendido. Isso também explicaria suas roupas serem diferentes, já que grande parte dos executados pelo rei Henry II naquele período, eram tecelões.

O que a hipótese de Paul Harris não explica claramente é como as crianças ficaram verdes. Ele apenas sugere que elas podem ter contraído doenças que mudaram a cor de suas peles durante o perído em que passaram na floresta. Paul também não tem explicações para o fato de que embora os aldeões fossem ignorantes, certamente o fazendeiro Richard de Calne, ou um dos seus familiares ou visitantes, teria sido educado o suficiente para reconhecer que a linguagem das crianças era Flamenga, uma vez que muitos dos perseguidos da época se disseminaram em todas as partes do reino, difundindo a língua no leste da Inglaterra naquela época.

Há outros problemas eminentemente geográficos para esta hipótese. Primeiro de tudo, Bury St. Edmunds é 40 quilômetros de floresta Thetford, e as crianças não poderiam ter ouvido os sinos da igreja sobre tal distância. Além disso, cavernas ou minas de sílex, se limitam à área de floresta Thetford. E não se conhece nenhuma passagem subterrânea levando a Woolpit, e se houvesse, é quase 50 quilômetros da floresta até Woolpit, certamente muito longe para crianças. Mesmo que as crianças verdes seram originárias de Fornham St. Martin, ainda é uma caminhada de 16 quilômetros até Woolpit, e ainda por cima, o rio Lark é demasiado estreito para ser considerado um rio enorme. Também não há uma palavra sobre a história de que em sua terra natal a menina disse nunca ter sol e que lá todos eram verdes.
Há uma hipótese potencial para a cor verde das crianças. Sabe-se que naquele período era normal crianças trabalharem em serviços pesados e perigosos, como nas minas de cobre. Sabe-se também que o contato prolongado com o oxido de cobre pode causar mudança na coloração da pele e cabelos.

Fonte: Mundo Gump

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