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sábado, 16 de agosto de 2014

Manuscritos medievais retratam conto sobre mortos vivos

Você pensava que quadrinhos de zumbis eram uma idéia recente? Ao longo dos séculos, os artistas medievais aplicaram seus talentos para ilustrar um conto misterioso de cadáveres animados que atormentavam os vivos.

Trecho do conto "Three Living and Three Dead".


Como a Biblioteca Britânica explica, as origens precisas do "Three Living and Three Dead" (Três Vivos e Três Mortos) são ainda um mistério, mas há muitas versões do conto, que remonta ao século 13, com as versões mais conhecidas vindo de Inglaterra e França.

O enredo básica do conto é: três jovens nobres estão caçando, quando de repente se deparam com três cadáveres, que estão em diferentes estados de decomposição, mas mesmo assim ainda animados. Surpresos, os jovens expressam choque e consternação com a visão, enquanto os três cadáveres os critica pela vida que levam e tentam convencê-los à melhorar seu comportamento antes que seja tarde demais.


A imagem acima mostra o conto retratado no poema anglo-normando 'Le dit des trios morts et trios vifs', de Lisle Psalter. O diálogo entre os dois grupos é, por vezes explícito, como no exemplo mais acima, relativamente precoce do início do século 14. Os Três vivos gritam: 'Tenho medo' (Ich am afert), (Lo whet ich se), e "Parecem-me que estes sejam demônios '(Me þinkes hit bey develes þre) 'Lo, o que eu vejo!'. E a resposta dos três mortos: "Eu era bem justo" (Ich wes wel fair), "Tal deve-lhes ser" (Such schel tou be), e "Por amor a Deus, cuidado por mim '(For godes love bewer by me).


Three Living and the Three Dead, de  Taymouth Hours.

Rubricas semelhantes podem ser encontradas nas ilustrações desta cena acima, datada de meados do século 14. Os três vivos podem ser vistos confrontando os três mortos na seguinte ilustração. Um dos Vivos grita que está horrorizado com o espetáculo (Ich am agast), enquanto os outros se encolhem de pavor. Os mortos respondem de forma quase idêntica aos do conto anterior, incentivando-os a mudar suas maneiras.


A versão acima encontra-se em outro manuscrito. Desta vez, pode-se perceber uma mulher no meio dos caçadores, algo bastante incomum para a época, o que pode levar à crer que esta versão do conto foi criada para o público rico feminino. Nota-se também que nesta versão, há a falta de texto ou rubrica explicativa, o que sugere que a história já era conhecida o suficiente para que os "apreciadores" soubessem de que se tratava ou que já reconhecessem facilmente o conto. Porém, os mortos adquiriram um ar mais ameaçador que antes, a ponto de perseguirem os vivos com lanças.


Outro grupo de mortos sinistros aparecem no Hours Stuart de Rothesay, produzidos na Itália, em 1508. Sob uma miniatura da Ressurreição de Lázaro há um pequeno painel com Três Mortos, (veja maior abaixo) que parecem estar atacando os Três Vivos.


Observe os cavalos aterrorizados e os cães de caça que circundam a cena. Ao invés de incentivá-los a mudar de vida e hábitos, os mortos estão aqui apresentados como um perigo em si.

Veja as imagens de outros manuscritos que trazem o mesmo conto:


Cena de "Three Living and Three Dead" de Smithfield Decretals, sul da França (provavelmente Toulouse) datado de 1300.
Detalhe do início de Office of Deads do livro Hours de 1480. Os três Vivos (um papa, um imperador e um rei) e os Três Mortos (usando coroas de seus correspondentes vivos).

Imagem tirada de um manuscrito alemão do século 16.

Traduzido de: British Library

2 comentários:

  1. Daora estar caçando e de repente receber uma lição de moral de 3 cadáveres, kkkkkkkkkk.

    Mas olha, é interessante notar a presença de mortos-vivos (zumbis?) em época antigas, de modo surpreendente. Destaque para aquela outra matéria aqui do blog que fala sobre a possibilidade dos homens da caverna terem enfrentado um apocalipse zumbi.

    Muito loko!

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    1. Bem lembrado! Será mais um indício de que zumbis andaram por esse mundo (dando palpite na vida alheia)? HAHA

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