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sábado, 6 de setembro de 2014

10 inspirações reais para coisas míticas

O que nos inspira a contar histórias de monstros e heróis míticos? É tudo um simples produto da imaginação humana, ou a máxima “toda mentira tem um fundo de verdade” vale para essas narrativas?

Vamos além de mitos e da História para descobrir qual das famosas lendas humanas são verdadeiras, míticas, ou em algum lugar entre as duas opções:

10. Gilgamesh



A Epopeia de Gilgamesh, gravada em 12 tabletes de argila, é um dos mais antigos trabalhos literários que conhecemos. Ela veio do conto de Gilgamesh, rei de Uruk, que diz que ele deixou tudo para trás para se aventurar e caçar monstros. Quando seu parceiro morre, Gilgamesh embarca em uma nova missão para obter a imortalidade, uma busca em que acaba falhando. Ele volta para Uruk e é enterrado no local onde o rio Eufrates parte.

Se buscarmos essa história tão longe quanto em 2.600 aC, torna-se difícil separar a verdade do mito. Gilgamesh aparece na Lista de Reis Sumérios, mas seu governo é posto em exagerados 126 anos. Os reinados de seu filho e neto, no entanto, são colocados em números bem mais realistas, de 30 e 15 anos. Evidência bíblica também confirma a existência de figuras históricas associadas à Gilgamesh. Em 2003, uma equipe de arqueólogos mapeou digitalmente a cidade de Uruk, que agora está enterrada sob o deserto iraquiano, e as imagens revelaram que ela era exatamente como descrita no épico, incluindo um túmulo real no lugar de onde o Eufrates fluía. A origem do mito de Gilgamesh pode de fato ser o próprio homem.

9. Grifos


Grifos são criaturas aladas com o corpo de um leão e a cabeça de uma águia, conhecidas por guardar tesouros. Elas também são símbolos do poder divino, e muitas vezes aparecem em emblemas. Os grifos são representados em artes da Grécia antiga, e também da Pérsia e do Egito, datando de 3.300 aC.

A pesquisadora Adrienne Mayor acredita que o mito do grifo pode ser rastreado até os ossos de dinossauros encontrados em minas de ouro no deserto de Gobi. A região das minas é tão repleta de fósseis de protocerátopos, criaturas com bicos com um corpo do tamanho de um leão, que muitos amadores poderiam tê-los visto. Eles eram tão comuns na região que poderiam ser descobertos por nada mais do que o vento soprando a areia. O paleontólogo Jack Horner, o homem que inspirou Alan Grant de Jurassic Park, gosta dessa teoria. Ele acha interessante que os povos antigos tenham sido capazes de deduzir a estrutura do dinossauro melhor do que os cientistas modernos, que os imaginavam apenas como lagartos de pele lisa.

8. Kappa


Kappa é um monstro mítico japonês que habita córregos e rios rasos. É mais comumente descrito como um peixe ou tartaruga do tamanho de uma criança pequena, com pele escamosa, dentes afiados e garras. Sua característica única é que eles têm cabeças côncavas como tigelas, que, quando cheias de água, lhes dão força sobre-humana. Diz-se que o kappa arrebata animais e pessoas perto da borda da água e os arrasta para o fundo para comê-los. Essas coisas horríveis também gostam de pepinos e de lutar sumô.

Certamente, não pode haver nada real que se pareça com isso, certo? Bem, você ficaria surpreso com o que se esconde em águas rasas. Jeremy Wade, do programa de televisão “River Monsters”, procurou a base histórica do kappa, e encontrou o que ele acreditava ser a fonte do mito: a salamandra gigante japonesa. Animais adultos são maiores do que a mostrada no episódio, chegando a 1,50 metros e 25 kg. A salamandra gigante tem garras e dentes afiados, e sua pele é coberta de muco. Embora sua cabeça não seja em forma de tigela, é plana o suficiente para que as pessoas exagerem seu formato. Quando ameaçada, a salamandra secreta uma substância leitosa e pegajosa que cheira como pimenta.

7. Sirenes


Sirenes (ou sirenas) são criaturas mal-intencionadas que aparecem como mulheres bonitas. Elas cantam músicas doces e hipnóticas que deixam marinheiros loucos e os atraem em sua direção até que batem seu navio contra costões rochosos. (Nota: as sereias foram baseadas nas sirenes, mas são criaturas diferentes. Enquanto as últimas vêm da mitologia grega, as sereias surgiram apenas na Idade Média).

No mito germânico, há uma sirene chamada Lorelei que vive em uma pedra no rio Reno. Muitos marinheiros afirmam ter ouvido uma mulher cantando docemente sobre a rocha e, de fato, a canção sedutora de Lorelei não é mito – só não é uma criatura mística quem produz o som. Os sons de uma forte corrente do rio se combinam com o ruído de uma cachoeira nas proximidades da rocha, criando um efeito de eco que soa como uma mulher cantando. A pedra de Lorelei também fica na parte mais estreita e mais traiçoeira do rio, onde a corrente puxa os barcos para a costa recortada.

No conto de Jasão e os Argonautas, Orfeu vence as sirenes tocando uma melodia mais doce em sua lira, abafando sua música. Na vida real, a canção de Lorelei foi abafada pelo tráfego, e só pode ser fracamente ouvida hoje.

6. Banshee


A banshee é um presságio de morte no folclore irlandês. É um espírito que lamenta (tecnicamente uma fada), e que aparece se alguém está prestes a morrer. Se vários banshees aparecem, o evento sinaliza a morte de uma pessoa importante.

Em um funeral tradicional irlandês, há normalmente uma mulher chamada de “keener” contratada para cantar um lamento pelo falecido. Pessoas ricas tinham várias keeners, e lendas cresceram em torno dos clãs mais poderosos alegando que suas keeners eram fadas. Estas keeners poderiam supostamente sentir a morte de um membro do clã mesmo que estivessem muito longe, fazendo com que seu lamento fosse a primeira notícia de uma morte na família.

Quando o catolicismo dominou a Irlanda, esse “ritual de lamento” virou tabu e se tornou quase extinto. Como keeners e banshees tradicionalmente têm o mesmo trabalho, é provável que o mito da banshee tenha surgido de contos embelezados dessas cantoras fúnebres.

5. Rato gigante de Sumatra


Em “A Vampira de Sussex”, o detetive Sherlock Holmes faz uma única observação aludindo a uma aventura anterior: “Matilda Briggs não era o nome de uma jovem mulher, Watson… Era um navio que está associado com o rato gigante de Sumatra, uma história para a qual o mundo ainda não está preparado”. Sir Arthur Conan Doyle nunca escreveu qualquer história sobre o rato gigante de Sumatra, nem o mencionou em qualquer outro livro sobre o detetive. Fãs foram à loucura com a ideia, no entanto, interpretando a alusão sob diferentes aspectos, julgando que seria uma criatura híbrida da Ilha da Caveira de King Kong ou um monstro alienígena escrito por Lovecraft.

Somos tentados a acreditar que, como em “A Vampira de Sussex”, onde não havia nenhum vampiro, não existe nenhum rato gigante. Ou que, como em “O Cão dos Baskervilles”, onde o cão é um exagero, o rato é também exagerado. No entanto, existe uma espécie de verdade literalmente conhecida como o rato gigante de Sumatra. Ela possui entre 48 e 63 centímetros de comprimento e pesa entre 230 e 600 gramas. Se Arthur Conan Doyle estava realmente falando desta espécie ou se coincidentemente inventou uma criatura que já existia, ninguém sabe.

4. Behemoth


O Behemoth é um animal bíblico descrito por ninguém menos que o próprio Deus no Livro de Jó. A imagem acima é uma representação de Behemoth com base nessa descrição. Será que parece familiar?

É porque é provavelmente um hipopótamo. Frases como “o poder nos músculos do seu ventre” e “escondido entre os juncos no pântano. As flores de lótus o ocultam em sua sombra; os choupos pelo rio o rodeiam” são alusões ao seu físico e seu ambiente. “Sua cauda balança como cedro” é mais difícil de explicar se você não interpretá-la como um exagero. No entanto, o rabo de um hipopótamo tem uma aparência de escova como uma reminiscência de um ramo de cedro.

Deus descreve Behemoth a Jó porque quer ilustrar seu poder. A lição é que fútil da parte de Jó interrogá-lo, porque só ele poderia criar algo tão poderoso e, em seguida, controlá-lo como um animal de estimação “com um anel através de seu nariz”.

3. Wendigo


Um wendigo é um ser sobrenatural do folclore da tribo norte-americana Algonquin, que se alimenta de carne humana. É alto e magro, a ponto de sua pele parece estar “embalada” sobre seus ossos. Também tem poderes espirituais que se relacionam com o inverno e a fome. Tribos Algonquin acreditavam que as pessoas que comiam carne humana, especialmente se houvesse uma fonte de alimento alternativa nas proximidades, eram condenadas a se transformar em wendigos.

Durante a fome nos invernos frios do norte, os Algonquins passavam por momentos extremos. Para alguns, suas famílias isoladas começavam a se parecer com comida. Eles temiam se transformar em canibais. Alguns chegavam a pensar em suicídio para evitar comer seus entes queridos. Psicólogos modernos têm apelidado esta condição paranoica de “psicose wendigo”. Seus sintomas são específicos à essa cultura, o que significa que só aconteceu aos Algonquins. Os antropólogos acreditam que o mito do wendigo nasceu com esta condição, com propósito de reforçar o tabu cultural de comer carne humana. Caso você esteja se perguntando, a resposta é sim, existem relatos documentados de pessoas que sucumbiram a essa doença e se comportaram como wendigos.

2. Beowulf


O poema épico anglo-saxão Beowulf é provavelmente parte lenda, parte história. Ele fala sobre a vida do herói titular, a partir de sua batalha contra um troll temível chamado Grendel a sua batalha contra a mãe de Grendel, chegando a sua eventual realeza. Como rei, Beowulf luta contra um dragão, e ambos perecem.
Ao longo do poema, Beowulf encontra muitos reis e tribos diferentes. Personagens como Hygelac, o rei Hrothgar e o povo de Skjöldr são geralmente aceitos pelos historiadores como seres que realmente existiram – tanto que o épico é usado como uma fonte para recolher mais informações sobre a Escandinávia do sexto século. Escavações em Eadgils mostram consistência com o que está descrito em Beowulf. Quanto ao próprio Beowulf, provas circunstanciais apontam para um local em Skalunda, que ainda não foi investigado, como seu lugar de descanso final.

1. Golias


O mais famoso gigante lendário foi provavelmente Golias, com contos dizendo que tinha 2,97 metros de altura. No início dos anos 90, arqueólogos descobriram os ossos de um verdadeiro gigante do século III em Roma, com altura total estimada em 2,02 metros. Isso não é nem mesmo alto o suficiente para jogar na NBA, mas a verdade é que o verdadeiro Golias, dos primeiros escritos, tinha apenas 2,06 metros. Sua altura foi impulsionada em versões posteriores.

O gigante encontrado em Roma foi o primeiro esqueleto antigo que conclusivamente possuía gigantismo, uma condição causada pelo excesso de produção de hormônios de crescimento. A prova encontra-se em seu crânio, onde há dano consistente com um tumor na hipófise, que teria perturbado a glândula pituitária e causado o excesso de hormônios. A altura de Golias pode não parecer impressionante hoje, mas a pessoa média era bem menor na época. Quando você vê um gigante moderno como Andre Roussimoff, não é um exagero imaginar que os povos antigos atribuíram qualidades míticas para pessoas tão grandes.

Fonte: Hypescience

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