Anneliese Michel tinha visões assustadoras de faces demoníacas enquanto, ajoelhada, dedicava uma prece ao Senhor. Vozes invadiam os seus ouvidos com promessas terríveis: a jovem, distante de qualquer possibilidade de Salvação em Cristo, queimaria eternamente no Inferno. Crises de depressões sucediam-se, já que Anneliese, embora profundamente católica, via crescer em si uma insuportável intolerância a locais e objetos sagrados.
Anneliese nascera em 1952, na Baviera, recanto alemão de arraigada tradição católica. Por volta dos dezesseis anos, desencadeou-se em Anneliese uma torrente de sintomas que, ao menos na aparência,sugeriam problemas mentais. A Clínica Psiquiátrica de Würzburg chegou a um diagnóstico: Anneliese padecia de epilepsia associada à esquizofrenia. Inciou-se um tratamento intensivo, que durou um ano. Supostamente recuperada, Anneliese completou o segundo grau. Posteriormente, ingressou na Universidade de Würzburg, iniciando o curso de Pedagogia.
Mas os estudos foram interrompidos. As vozes e visões demoníacas se tornaram cada vez mais constantes e opressoras. Anneliese assumira um comportamento agressivo. Consta que a moça “insultava, espancava e mordia os outros membros da família, além de dormir sempre no chão e se alimentar com moscas e aranhas, chegando a beber da própria urina. Anneliese podia ser ouvida gritando por horas em sua casa, enquanto quebrava crucifixos, destruía imagens de Jesus Cristo e lançava rosários para longe de si. Ela também cometia atos de auto-mutilação, tirava suas roupas e urinava pela casa com freqüência”.
Frustrado o tratamento psiquiátrico, os pais de Anneliese buscaram o auxílio da Igreja. O padre Ernest Alt acompanhou o caso. Em 1974, ele chegou à conclusão de que havia indícios veementes de possessão demoníaca, o que requereria a realização de exorcismo. Mas somente em setembro do ano seguinte o bispo de Wüzburg autorizou o ritual, conforme os procedimentos previstos no Rituale Romano.
Padre Arnold Renz e Pastor Ernst Alt |
Anneliese ficou em um estado lastimável depois de tantos exorcismos. Curiosamente, ela tinha muita força fisica e até 3 homens eram necessários para segurá-la. |
Durante 10 meses, ela foi exorcisada toda semana, num total de 67 sessões. |
Anneliese teria relatado um sonho místico no qual dialogara com a Virgem Maria. A mãe de Jesus teria proposto, à jovem, a seguinte escolha: liberar-se, em proveito próprio, do terrível jugo demoníaco, ou continuar imersa no doloroso martírio, mas em nome da fé cristã. A segunda alternativa seduziu a jovem estudante: ela seria um exemplo público de que os demônios existem e de que exercem os seus nefandos poderes no plano terrestre. Argumenta-se que “Anneliese optou pelo martírio voluntário, alegando que seu exemplo enquanto possessa serviria de aviso a toda a humanidade de que o demônio existe e que nos ronda a todos, e que trabalhar pela própria salvação deve ser uma meta sempre presente. Ela afirmava que muitas pessoas diziam que Deus está morto, que haviam perdido a fé, então ela, com seu exemplo, lhes mostraria que o demônio age, e independe da fé das pessoas para isso.” (4) A autópsia considerou o seu estado avançado de desnutrição e desidratação como a causa de sua morte por falência múltipla dos órgãos. Nesse dia o seu corpo pesava pouco mais de trinta quilos.” (5)
Anneliese predissera quando se daria a sua libertação: 1 de julho de 1976. Consta que, à meia-noite, os demônios finamente abandonaram o corpo da estudante, deixando-a em paz e livre das convulsões impingidas durante tantos anos. Exausta, Anneliese adormeceu. E teve, em seqüência, uma morte tranquila. Era o fim de um insuportável suplício.
Segundo Elbson do Carmo, após a morte de Anneliese, “seus pais foram indiciados por homicídio culposo e omissão de socorro, e os dois padres exorcistas Ernst Alt e Arnold Renz sofreram as mesmas acusações. Os dois padres foram condenados a seis meses de prisão.” (6) Registra o mesmo autor que esse fato “chocou a opinião pública alemã, gerando uma enorme polêmica em toda a Europa, que incluiu a Igreja, os meios acadêmicos e a justiça em torno da mesma discussão” (7).
A história de Anneliese deu origem a dois filmes, “Requiem” – produção alemã – e “O Exorcismo de Emily Rose” – produção norte-americana dirigida por Scott Derrickson.
Famosa cena do filme "O Exorcismo de Emily Rose", onde a atriz Jennifer Carpenter interpreta Anneliese Michel. |
Anneliese Michel é, certamente, um dos mais bem documentados casos de distúrbios de comportamento ao qual se atribui a ação opressora e letal de forças malignas incidente sobre a frágil psique humana. E, a considerar o incontestável rigor que antecede a qualquer autorização da Igreja Católica para a prática do Rituale Romano, não se pode pôr em dúvida a materialidade do excêntrico e destrutivo calvário, ou as implicações místicas que acompanharam o longo sofrimento da estudante de Wüzburg. Mas se, de fato, possessão houve, isto compõe uma insondável silhueta que, por se situar no campo metafísico, escapa a qualquer possibilidade de juízo conclusivo.
Fonte: Assombrado
MEU FERMENTO É DO CAPETA E EU TÔ ESTUDANDO A VIDA DE OUTRO CAPETA?? POTAQUEPAREO, ASSIM CE FODE MINHA VIDA ANNELISE.
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