sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

A lenda de Maria Perpétua, a bruxa de São Sebastião

O post de hoje foi uma dica da querida leitora Caroline Dias. Valeu Carol!!


Maria Perpétua Calafate de Souza ou simplesmente Perpétua, como era mais conhecida, nasceu na cidade do Porto em Portugal no ano de 1790. Era filha de Ignácio Vieira da Cunha e Isabel Maria Calafate. Casou-se por contrato ainda muito jovem, apenas com 12 anos de idade e ficou viúva um ano depois. Mudou-se para o Brasil após o falecimento de seus pais. Aqui conheceu o também português Antônio Jose Lisboa de Souza e os dois se casaram aos sete de novembro de 1810 na vila de Santos instalando-se logo em seguida na ilha de São Sebastião, litoral norte do estado de São Paulo.

Perpétua era dona de um comportamento liberal para a época e de um temperamento explosivo e por isso era mal vista pelos moradores da ilha que passaram a considera-la uma má influência para o lugar.

Sua reputação ficou ainda mais abalada depois que ela teve um caso amoroso com um poderoso traficante de escravos da região. E para piorar de vez a situação, ela teve um filho fora do casamento, o que naquela época era considerado um escândalo.

Costumava puni-los cruelmente por qualquer deslize. Diziam que ela os deixava passando fome, mantinha-os presos em correntes, amarrava-os em troncos de arvores para açoita-los, mutilava-os e até mesmo matava-os quando sentia vontade.

Conta-se que certa vez ela mandou decepar a língua de um de seus escravos só porque este lhe respondeu atravessado.

Megera, mandona, cruel, adjetivos não faltavam para defini-la e por volta de 1812, ela teve um desentendimento com Joana, uma das escravas do Capitão Domingos, um importante comerciante de escravos local, e isso acabou lhe rendendo três dias de prisão.

Segundo consta, a escrava teria sorrido para Perpétua com um ar de deboche e Perpétua, por sua vez, jurou vingar-se. Coincidentemente, alguns dias depois, a escrava adoeceu e, em seguida, veio a falecer. O capitão Domingos, junto com outros moradores da ilha de São Sebastião, deu queixa ao padre do vilarejo acusando Perpétua de ter jogado um feitiço na escrava e assim ter provocado a morte da mesma.

O caso foi levado ao conhecimento do governador da capitania de São Paulo, que deu ordem para que a casa dela fosse investigada. Além de diversos apetrechos de magia, foi encontrada uma orelha humana seca e como bruxaria era considerada na época um crime como outro qualquer, Perpétua foi levada para a cadeia de São Vicente, mas como seu marido ocupava um cargo de certa importância na ilha, foi liberada três dias depois. Tempos depois, ela foi denunciada por envenenamento e por vários outros casos envolvendo bruxaria.

Seu fim foi trágico. Pois Perpétua levou uma facada do próprio marido durante uma discussão e acabou morrendo por hemorragia, o ano era 1817.

Reza a lenda que por ter sido muito má em vida Perpétua recebeu um castigo divino na sua morte e foi condenada a vagar eternamente assombrando os habitantes da ilha de São Sebastião. Dizem que ela aparece vestida de branco nas noites de lua cheia.

Aquele que tiver o infortúnio de encontrar com o fantasma de Perpétua e deixar de fazer uma oração pela salvação da alma dela será atormentado para sempre pelo espirito maligno da terrível mulher. Dizem, ainda, que no local onde o corpo dela foi sepultado havia crescido um enorme pé de Guapuruvu que, ao ser tocado, escorria sangue.

A verdade é que passado quase 200 anos depois de sua morte ela ainda continua viva nas estórias e lendas contadas pelos antigos caiçaras da ilha de São Sebastião.

Fonte: Mega Contos

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