Perpétua era dona de um comportamento liberal para a época e de um temperamento explosivo e por isso era mal vista pelos moradores da ilha que passaram a considera-la uma má influência para o lugar.
Sua reputação ficou ainda mais abalada depois que ela teve um caso amoroso com um poderoso traficante de escravos da região. E para piorar de vez a situação, ela teve um filho fora do casamento, o que naquela época era considerado um escândalo.
Costumava puni-los cruelmente por qualquer deslize. Diziam que ela os deixava passando fome, mantinha-os presos em correntes, amarrava-os em troncos de arvores para açoita-los, mutilava-os e até mesmo matava-os quando sentia vontade.
Conta-se que certa vez ela mandou decepar a língua de um de seus escravos só porque este lhe respondeu atravessado.
Megera, mandona, cruel, adjetivos não faltavam para defini-la e por volta de 1812, ela teve um desentendimento com Joana, uma das escravas do Capitão Domingos, um importante comerciante de escravos local, e isso acabou lhe rendendo três dias de prisão.
Segundo consta, a escrava teria sorrido para Perpétua com um ar de deboche e Perpétua, por sua vez, jurou vingar-se. Coincidentemente, alguns dias depois, a escrava adoeceu e, em seguida, veio a falecer. O capitão Domingos, junto com outros moradores da ilha de São Sebastião, deu queixa ao padre do vilarejo acusando Perpétua de ter jogado um feitiço na escrava e assim ter provocado a morte da mesma.
O caso foi levado ao conhecimento do governador da capitania de São Paulo, que deu ordem para que a casa dela fosse investigada. Além de diversos apetrechos de magia, foi encontrada uma orelha humana seca e como bruxaria era considerada na época um crime como outro qualquer, Perpétua foi levada para a cadeia de São Vicente, mas como seu marido ocupava um cargo de certa importância na ilha, foi liberada três dias depois. Tempos depois, ela foi denunciada por envenenamento e por vários outros casos envolvendo bruxaria.
Seu fim foi trágico. Pois Perpétua levou uma facada do próprio marido durante uma discussão e acabou morrendo por hemorragia, o ano era 1817.
Reza a lenda que por ter sido muito má em vida Perpétua recebeu um castigo divino na sua morte e foi condenada a vagar eternamente assombrando os habitantes da ilha de São Sebastião. Dizem que ela aparece vestida de branco nas noites de lua cheia.
Aquele que tiver o infortúnio de encontrar com o fantasma de Perpétua e deixar de fazer uma oração pela salvação da alma dela será atormentado para sempre pelo espirito maligno da terrível mulher. Dizem, ainda, que no local onde o corpo dela foi sepultado havia crescido um enorme pé de Guapuruvu que, ao ser tocado, escorria sangue.
A verdade é que passado quase 200 anos depois de sua morte ela ainda continua viva nas estórias e lendas contadas pelos antigos caiçaras da ilha de São Sebastião.
Fonte: Mega Contos
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