terça-feira, 25 de março de 2014

O exorcismo de Roland Doe

Quem ama filmes de terror, com certeza já assistiu ao filme "O Exorcista" de 1973, que foi baseado no livro de mesmo nome, do autor William Peter Blatty, escrito dois anos antes. O filme foi um dos pioneiros em mostrar nas telas do cinema, um assunto tradado na época, como algo ainda pouco conhecido: a possessão de uma entidade demoníaca em um ser humano. "O Exorcista" ficou conhecido por muitos anos como um dos filmes mais chocantes já criados, levando pessoas a até mesmo passarem mal nas salas do cinema.


Mas você sabia que o enredo de O Exorcista, foi baseado em uma história real de possessão?

William Peter Blatty, se inspirou em um caso da década de 40, onde um jovem de 13 anos chamado Roland Doe (nome fictício), havia sofrido com uma possessão demoníaca.

Blatty, teria tomado conhecimento da história de Roland Doe em 1949, enquanto ainda era um estudante da Universidade de Georgetown, em Washington. As descobertas de Blatty foram, mais tarde usadas para a criação de seu livro.

Vamos conhecer agora, a verdadeira história por trás de O Exorcista:
Roland Doe

Roland Doe nasceu em uma família puritana de origem alemã. Na década de 1940, Roland e sua família viviam em uma casa, na cidade de St, Louis. Nessa época, Roland ainda era apenas uma criança, que dependia dos adultos para tudo. Foi nessa época que sua tia Harriet - uma espiritualista - introduziu Roland, aos tabuleiro Ouija.

Casa onde a família Doe morava. Foi aqui que as atividades paranormais começaram.

Quando Roland tinha treze anos, sua tia veio a falecer. De acordo com os registros de um diário, escrito por um padre jesuíta, que trabalho diretamente no caso de Doe, o jovem teria tentado um contato com a tia através do tabuleiro Ouija, e as coisas passaram a se tornar estranhas neste ponto.

Inicio do Tormento

Roland Doe e a sua família teriam começado a perceber pequenos acontecimentos estranhos em sua casa: sons de arranhados por todos os cômodos, comumente oriundos das paredes ou do teto, passos pela casa, moveis mudando de lugar, além de objetos comuns serem deliberadamente atirados nas pessoas.

Os acontecimentos não pararam por ai, e começaram a tomar um rumo cada vez mais intenso e físico.Roland Doe chegava a acordar de madrugada, sentindo sua cama sacudindo violentamente e seus lençóis sendo arrancados violentamente. 

À medida que as atividades foram se tornando cada vez mais estranhas, e a família cada vez mais convencida de que as manifestações eram verdadeiras, começaram também a ligar o fascínio de Roland pelo tabuleiro Ouija. Ele "brincava" com o tabuleiro com muita frequência.

Embora a mãe de Roland suspeitasse que a tia Harriet era a causa daquela assombração, a família tinha que agir rapidamente para assegurar o bem-estar de Roland.

Como o rapaz tinha sido batizado na Igreja Luterana, a família recorreu à ajuda de dois padres luteranos, sendo um deles o Rev. Luther Schultze. Junto dele, estave um Rabino, que se acredita que esteve lá apenas devido aos seus conhecimentos acerca do fenômeno suspeito e sobre exorcismo.

Enquanto o rapaz era avaliado pelo Rabino, Roland começou a falar fluentemente uma língua de que nunca anteriormente tinha ouvido sequer falar. Os dois padres Luteranos não faziam a mínima ideia do que Roland estava a dizer mas, no entanto, o exorcista, compreendeu todas as palavras…

Roland estava a falar na língua-mãe do Rabino, o Hebreu!

A família, ainda suspeitando que fosse a tia do menino, a responsável pelos acontecimentos, fizeram inúmeras sessões espíritas com o tabuleiro Ouija, tentando contactá-la, principalmente quando o jovem agia de maneira estranha.

Durante um episódio em que Roland estava a ser aterrorizado pela força desconhecida, a sua mãe gritou “Se é você, Tillie (apelido de Harriet) bata três vezes”. Imediatamente um ar frio desconhecido entrelaçou o seu sopro gélido em volta da mãe de Roland, de sua avó e claro, dele próprio. Então ouviram-se três batimentos distintos no chão, que todos os três ouviram. A senhora Doe perguntou, novamente: “Se é realmente você, Tillie, bata quatro vezes”. De novo os três ouviram quatro batidas no chão. O mais perturbador foi descoberto mais tarde: No colchão da cama de Roland, marcas muito semelhantes a garras.

No entanto, a tia Harriet foi mais tarde descartada como sendo a causa, depois das atividades paranormais terem seguido Doe até mesmo à escola. Em uma ocasião, o rapaz ficou aterrorizado quando a sua carteira escolar começou a se mexer a sua volta, com sua professora e os outros alunos presenciando aquele momento inesquecível e aterrorizante. Isto resultou na posterior expulsão de Roland daquela escola. Compreensivamente, a família Doe ficou traumatizada, assim como temendo pela saúde de Roland, à medida que os fenômenos íam se agravando. Foram buscar o Rev. Schultze para assistir aos ataques no rapaz. Depois de um período de diversas noites, Schultze observou que Roland parecia estar em sofrimento enquanto dormia. Costumava esfolar os próprios braços e rasgando os lençóis.

O reverendo não ficou convencido das atividades paranormais que cercavam a família e Roland foi enviado ao Mental Hygiene Clinic (Clínica de Higiene Mental) da Universidade de Maryland, para que fossem realizados testes. Quando os testes chegaram, os resultados foram conclusivos… nada havia de anormal em Roland.

Ainda cético acerca das atividades paranormais e do exorcismo, Schultze pediu a Roland que fosse para sua igreja. A principal intenção do padre era descobrir se a casa de Doe era assombrada, ou se o próprio garoto era fonte dos acontecimentos.

No dia 17 de Fevereiro de 1949, Roland foi levado para casa de Schultze, onde este poderia passar a noite a vigiá-lo. O reverendo não iria ficar decepcionado. O padre declarou que, durante a noite, se ouviram diversos e distintos ruídos de arranhões, vindos do quarto de Roland.

Schultze entrou no quarto e ficou horrorizado ao ver o rapaz ser derrubado da poltrona onde estava sentado e a cama ao seu lado a vibrar intensamente.

Schultze pôde observar, mais tarde, o aparecimento de arranhões no corpo do rapaz, mesmo diante dos seus olhos. O reverendo compreendeu então que aquela altura, o jovem estava sofrendo de uma possessão e recomendou a família Doe que contatasse a Igreja Católica. Os pais de Roland estavam naquele momento muito desesperados; decidiram levar o rapaz ao Padre Albert Hughes, na St. James Catholic Church, em Mount Rainier. Entretanto, uma prima de Roland muito preocupada, que era aluna do Padre Raymond J. Bishop na St. Louis University (Universidade de St. Louis), confidenciou-lhe acerca da atividade paranormal que estava acontecendo na casa dos Doe.

Após ter concluído não haver dúvida alguma de que a moça estava falando a verdade, decidiu discutir o assunto com o seu velho amigo, o Rev. William S. Bowdern. O Padre Bowdern viria a ser o principal conselheiro do exorcismo de Roland Doe.

O primeiro exorcismo

 A família de Roland Doe tinha agora bem presente na sua mente que o Diabo tinha possuído o seu filho de treze anos, depois de este ter conduzido numerosas sessões do tabuleiro Ouija. A única hipótese que lhes restava seria ir visitar o Padre Hughes, na St. James Catholic Church (Igreja Católica St. James), em Mount Rainier, para avaliação. O Padre Hughes estava, no início, descrente e hesitante acerca daquele caso. No entanto, concordou em entrevistar o rapaz… deparando com, provavelmente, um dos mais aterrorizantes e sobrenaturais casos de possessão que o mundo tinha visto até àquela data.

A história de Roland Doe contada em um dos jornais da época.
A entrevista do exorcismo foi relatada; enquanto o Padre Hughes começava a entrevistar Roland, começou a sentir-se de novo a aragem gélida sentida pela família Doe durante o seu ‘suposto’ contato com a tia Harriet. Ainda cético, o Padre Hughes foi continuando com a entrevista, até se seguir rapidamente ao despertar, por Roland, de uma linguagem ofensiva dirigida ao padre. Hughes estava evidentemente espantado, mas ainda não convencido.

No entanto, isto foi rapidamente dissipado quando Roland começou a falar repentinamente em Latim. Uma língua que nunca ninguém lhe tinha ensinado! Tudo havia se esclarecido ao padre. No final da entrevista já não havia nenhuma dúvida no Padre Hughes de que Roland Doe estava, de fato, possuído, e contatou de imediato o seu Arcebispo, o Cardeal O’Boyle e pediu-lhe a permissão para conduzir um exorcismo. O exorcismo foi aprovado após o Arcebispo ter estudado o caso e as provas médicas.

O primeiro exorcismo de Roland Doe teve lugar no hospital de Georgetown, Antes do ritual, Roland foi firmemente preso à cama, o que era uma prática normal no exorcismo. Assim que o exorcismo começou, Roland cuspiu diretamente no Padre Hughes.

Foi relatado que o cuspe do jovem foi lançado com tanta força e com uma incrível pontaria, que foi descrito como ‘fora do normal’. O exorcismo ia chegando então ao seu horrível final, enquanto o rapazinho começava a gritar obscenidades para o Padre e se libertava das suas amarras. Roland manifestou então uma força anormal para sua idade e condição. Arrancou uma mola da cama e atingiu o Padre no braço esquerdo, cujo resultado foi que Hughes teve que levar mais de cem pontos.

Roland tornou-se pacífico assim que o Padre Hughes abandonou o quarto (sem se referir sequer ao exorcismo). Julgou-se que todas as recordações foram esquecidas.

Não se considerou que Roland precisasse ficar hospitalizado, e então foi mandado para casa. Entretanto, o Padre Hughes não conseguiu compreender aquilo a que tinha assistido e sofreu um desfalecimento mental.
O caso estava, no entanto, longe de ser encerrado; era preciso fazer algo para ajudar a situação instável de Roland. Depois de sua prima ter falado com o seu professor, o Padre Bishop da St. Louis University (Universidade de St. Louis) ficou decidido que ele e o seu bom amigo Padre Bowdern iriam visitar o rapaz, exorcizado.

Os outros exorcismos

No dia 9 de Março de 1940 o Padre Bishop e o Padre Bowdern, acompanhados por um jovem padre jesuíta, Frei Walter Halloran, foram a casa de Roland. Durante a visita, constataram horrorizados que o corpo de Roland tinha sido desfigurado por sangrentos arranhões no peito.

Foi testemunhado um outro fenômeno, que resultou num pedido ao Cardeal Ritter para que autorizasse os padres a levar ao extremo, um outro exorcismo.

O exorcismo foi autorizado pelo Cardeal Ritter em 18 de Março de 1949… um pouco mais tarde, os padres iniciaram os rituais do exorcismo. O exorcismo teve um ambiente sinistro desde o seu início, com violentos movimentos da cama, linguagem extremamente hostil e extensas cuspidelas de Roland. Quando apareceram mais alguns arranhões sangrentos, a seguir a serem pronunciadas as palavras ‘inferno’ e ‘diabo’, foi decidido que, para a segurança de todos, o exorcismo deveria continuar a ser feito na ala psiquiátrica do Alexian Brothers Hospital.

No hospital, o Padre Bowdern iniciou o ritual recitando orações d’O Ritual Romano. Entretanto, o Padre Bishop ia escrevendo o diário dos acontecimentos ocorridos durante o exorcismo. Então, Roland gritou, em evidente dor, à medida que as orações iam avançando.

Pouco mais tarde, o Padre Bowden ficou claramente agitado enquanto o rapaz ia dizendo as palavras ‘estou
Cena do filme "O Exorcista".
no inferno - eu vejo-te – tu estás no inferno – é 1957’. Roland começou então a cuspir novamente. Frei Halloran relatou, que durante o exorcismo, ter dito que Roland era um perfeito atirador quando cuspia, porque até com os olhos fechados, lhe acertava na cara.

O exorcismo continuou durante noites, com cada episódio a ser mais aterrador do que o anterior. Numa ocasião, Roland explodiu numa raiva tal que atingiu Halloran com tanta força que lhe partiu o nariz. O exorcista Bowdern começou a recitar o Ritual Romano do Exorcismo Cristão uma e outra vez: ‘Eu livro-me de ti, ó espírito impuro, junto com a menor invasão do ímpio inimigo, de todos os fantasmas e da legião diabólica. Em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo, sai e desaparece desta criatura de Deus’. Depois de horas a recitar orações, o exorcista Bowdern e os companheiros ficaram alarmados quando Roland se sentou completamente direito e anunciou, numa voz troante, ser o ‘Arcanjo Miguel’ e ordenou ao demônio que abandonasse Roland. O rapaz retorceu-se e distorceu o seu corpo em posições obscuras até que, finalmente, se deitou. Então, sentou-se de novo e falou com a sua voz normal, declarando a todos os aliviados assistentes que tinha acabado de ter uma visão de São Miguel segurando uma espada flamejante.

O fim da possessão

O exorcismo tinha sido um sucesso! Doze dias após o exorcismo, a família de Roland mudou-se de St. Louis para Maryland. Roland escreveu depois ao Padre Bowdern contando-lhe que se tinha restabelecido e que tinha apenas vagas reminiscências do que lhe havia acontecido.

O último relato acerca de Roland Doe fala de um homem com um casamento feliz, com três filhos, e vivendo ainda em Maryland. A Igreja Católica tem um vasto dossiê que declara que a possessão de Roland Doe foi ‘genuína’, com quarenta e uma assinaturas de testemunhas dos acontecimentos.


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