quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Harrisville: A História Real do Filme “Invocação do Mal”

No final de 2013 foi lançado o filme Invocação do mal, baseados em fatos reais vividos por uma família americana,que viveu por muito tempo atormentada por espíritos do mal!

Conheça o caso da família Perron e as assombrações da fazenda Arnold, em Harrisville – A História Real por trás do Filme “Invocação do Mal” (The Conjuring)



Ed e Lorraine Warren

A casa assombrada de Harrisville.

Ed e Lorraine Warren investigam atividades paranormais desde o início da década de 1950. Durante a longa carreira, eles investigaram mais de 4.000 assombrações, incluindo o conhecido caso de Amityville onde foram reconhecidos como os primeiros investigadores paranormais a pisar na cena. O filme de 2013, Invocação do Mal (The Conjuring), foi baseado na aterrorizante investigação da família Perron e sua fazenda assombrada em Harrisville, Rhode Island. Os Warren afirmam que sua investigação do caso conhecido como "Harrisville Haunting" (“Assombração em Harrisville” / “Caso Harrisville”) ou "Perron Haunting Family" (“Assombração da Família Perron”),  "foi a investigação mais intensa, convincente, perturbadora e importante" de suas carreiras. Roger Perron, sua esposa Carolyn, e suas cinco filhas Andrea (Annie), Nancy, Christine, Cindy, e April sofreram uma década de tortura por parte dos espíritos que ocuparam sua casa de campo.

A casa assombrada de Harrisville.
A Família Perron: Carolyn e Roger Perron à esquerda; 
e as cinco filhas Andrea, Nancy, Christine, Cindy e April à direita.

O Caso Harrisville – as assombrações começam. Buscando levar as crianças para uma vida mais tranquila no campo, Roger e Carolyn Perron compraram sua casa dos sonhos no inverno de 1970. A Velha Fazenda Arnold tinha quase 81 mil metros quadrados e possuía uma das plantações originais na área levantada pelo colono John Smith em 1680 e transferida a Roger Williams para a formação do estado de Rhode Island. Localizada na estrada Round Top em Harrisville, Rhode Island, a “adorável e charmosa” casa de campo de 10 cômodos foi construída em 1736 em um belo terreno com espaço de sobra para as cinco filhas correrem e brincarem. Nancy e Christine Perron compartilhavam um quarto, Cindy e April outro, e Andrea tinha um quarto só para ela - exceto nas noites em que, como diz Andrea, as irmãs "vinham rastejando até sua cama, tremendo e chorando de medo".

A casa de campo assombrada da velha fazenda Arnold, em Harrisville
A família Perron começou a perceber que algo estava errado desde o primeiro dia em que pisou em sua linda casa nova. Mais tarde souberam que oito gerações de famílias viveram e morreram na Velha Fazenda Arnold, incluindo a Sra. John Arnold, que com 93 anos se enforcou nas vigas do celeiro. Além dessa, mais vidas foram perdidas na fazenda, incluindo vários suicídios (enforcamentos, envenenamentos), o estupro e assassinato não solucionado de uma menina de onze anos de idade, Prudence Arnold (mais tarde presumiu-se que tenha sido assassinada por um peão da fazenda), dois afogamentos no riacho localizado perto da casa, e quatro homens que misteriosamente congelaram até a morte naquelas terras. Não demorou muito para que os Perron entendessem por que o vendedor anterior aconselhou-os no dia em que eles se mudaram para a casa, dizendo: "Deixem as luzes acesas durante a noite."

Vigas do celeiro onde moradores anteriores se enforcaram.

Os muitos fantasmas amigáveis

A princípio, os fantasmas, ou espíritos demoníacos como os Warren acreditavam, eram inofensivos. Descritos como opacos ou pouco sólidos na aparência, havia muitos espíritos presentes na velha casa. Um fantasma cheirava a flores, enquanto outro ia gentilmente dar um beijo de boa noite nas meninas em suas camas, todas as noites. Outro parecia ser um pequeno e jovem garoto que as meninas viam, hipnotizadas, empurrar carrinhos de brinquedo pelo quarto impulsionados por uma mão invisível.


Uma aparição, possivelmente um fantasma feminino, era uma presença bem-vinda na casa. Os Perron sempre ouviam o barulho de alguém varrendo que vinha da cozinha. Quando entravam no cômodo, encontravam a vassoura que tinha sido movida para um local diferente de onde costumavam deixar, com um belo monte de terra recém-varrido no meio do chão, esperando para ser depositado na lixeira.

"Manny", era outro espírito que as crianças Perron amavam. Acreditavam que Manny seria o espírito de Johnny Arnold, que cometeu suicídio enforcando-se no sótão da casa em 1700. Manny aparecia diante das crianças, muitas vezes em pé, assistindo silenciosamente suas atividades diárias, matinha um sorriso torto no rosto, divertindo-se com as brincadeiras das crianças. Se fosse feito contato visual com Manny, ele sumia tão repentinamente como tinha aparecido.

Além de entidades fantasmagóricas, os Perron testemunharam muitos outros fenômenos estranhos e inexplicáveis. Camas levitavam alguns centímetros do chão, um aparelho de telefone pairava no ar e caiu bruscamente batendo na base do telefone quando alguém entrou na sala, e vários objetos plainavam pela casa por conta própria. Muitas vezes, cadeiras eram puxadas de repente debaixo de um convidado desavisado e fotografias caiam das paredes. Os Perron relataram ter visto uma vez um sangue alaranjado que vazava de uma parede e dissolvia no nada.

Um dos cômodos da casa assombrada.
Cama de uma das garotas.
Alguns espíritos, demônios aliás, não eram tão agradáveis

Nem todos os fantasmas em Harrisville eram visitantes bem-vindos. Alguns puxavam as pernas e os cabelos das meninas no meio da noite. Outros batiam na porta da frente da casa com tanta força que toda a casa tremia. Algumas portas se fechavam sozinhas enquanto outras permaneciam congeladas no lugar, impossíveis de serem fechadas, não importando quanta força fosse aplicada a elas. Uma entidade na casa mantinha rotineiramente a família acordada, pois choramingava continuamente no meio da noite: "Mamãe! Mamããããe!" enquanto outra aparição torturava Cindy de 8 anos de idade dizendo-lhe sem parar: "Há sete soldados mortos enterrados na parede".  Os Perron também se lembram de um pequeno e delicado espírito, que parecia ter cerca de 4 anos, vagando pela casa chorando, chamando pela mãe.

Andrea Perron atualmente.

Um dos espíritos era tão mal que a família Perron não revelou, até agora, o que ele fez com eles. Andrea Perron, que escreveu um livro (na verdade uma trilogia, “House of Darkness, House of Light” I, II e III) sobre suas experiências na casa, deu a entender que o espírito inominável pode ter molestado algumas das meninas. Quando perguntado sobre o espírito durante uma entrevista, ela evitou a questão, dizendo ao repórter:

    "Vamos apenas dizer que havia um espírito masculino muito ruim na casa -com cinco garotinhas"

O porão da casa Perron.

O centro da atividade paranormal na casa

Observou-se que a atividade paranormal na casa dos Perron se concentrava no quarto de Carolyn e na sala de estudos localizadas diretamente abaixo do quarto. Curiosamente, abaixo da sala de estudos, localizado no porão da casa, existe um antigo poço. A água foi muitas vezes utilizada pelos espíritos para atormentar a família (Sanitários esguichando, lavadoras ligando, torneiras abertas etc) e eles começaram a se perguntar se alguma história violenta estava associada ao velho poço. Até agora, esta questão permanece sem resposta.


O pior de todos eles - Bathsheba Sherman

O velho cemitério Arnold onde vários habitantes da casa
foram enterrados - o túmulo de Bathsheba é o da esquerda
O fantasma mais horrível na casa tinha como alvo a Sra. Perron especificamente. Conhecido como Bathsheba, a entidade é possivelmente o fantasma de Bathsheba Sherman, que, segundo as más línguas, foi uma bruxa praticante do satanismo que tinha vivido na casa no início do século 19 e morreu ali depois de se enforcar em uma árvore atrás do celeiro. Os Perron não eram uma família religiosa. E essa fragilidade na fé foi, teoricamente, tida como um fator primordial para a natureza particularmente violenta e ativa de Bathsheba para com a família Perron. Esta teoria foi reforçada quando se soube que o único morador anterior a não relatar quaisquer ocorrências estranhas na casa era um pastor de uma igreja local. Lorraine Warren explicou por que isso foi importante:

O velho cemitério Arnold, onde vários habitantes da casa foram enterrados.
O túmulo de Bathsheba é o da esquerda.

"Você só tem sua fé como sua proteção. Eu sempre tive a minha fé. Deus me protegendo me permitiu fazer isso. Naquele momento particular, os Perron não tinham religião – e isso foi muito perigoso. "

Bathsheba era uma desprezível e horrenda criatura, descrita como tendo um rosto "semelhante a uma colmeia de abelhas desidratada" coberto de teias de aranha, sem características humanas exceto pelos vermes que rastejavam através de fissuras em sua pele enrugada do rosto. Sua cabeça, redonda e cinza, era "inclinada para um lado", como se seu pescoço tivesse sido quebrado e um mal cheiro impregnava o quarto quando ela estava presente.

Bathsheba Thayer nasceu em 1812 em Rhode Island e se casou com Judson Sherman em 10 de março de 1844. Quando viva, Bathsheba viveu uma vida de solidão, excluída da comunidade em que vivia depois de ser acusada de matar seu bebê como um sacrifício a Satanás. O corpo do bebê foi encontrado com um objeto pontiagudo espetado na cabeça. Na falta de provas, o caso foi abandonado. Acredita-se que Bathsheba tenha tido outros três filhos, sendo que todos morreram antes de completar 4 anos. Seus filhos podem não ter sido suas únicas vítimas. Bathsheba também era conhecida por ter brutalizado seus funcionários, deixando-os muitas vezes passando fome e os agredindo por pouca coisa. Quando Bathsheba morreu em 25 de maio de 1885, o médico legista escreveu que nunca tinha visto nada parecido - seu magro corpo tinha se solidificado assustadoramente, aparentemente se transformando em pedra.

O túmulo quebrado de Bathsheba.


Foi fácil perceber que Bathsheba tinha seus favoritos na casa. Ela torturava Carolyn Perron (uma das filhas, Cindy, também foi muitas vezes um alvo frequente), enquanto cobiçava o Sr. Perron. Sempre que ele estava em casa, aparelhos quebravam com frequência. Roger Perron então levava as máquinas quebradas até o porão para consertar. Enquanto trabalhava no conserto, muitas vezes ele sentia Bathsheba tocá-lo, acariciando seu pescoço ou passando as mãos em suas costas. Porém enquanto Bathsheba desejava Mr. Perron, ela detestava Carolyn, sua esposa. Era claro que Bathsheba queria Carolyn fora da casa.

Um artigo de agosto de 1977 no jornal local descreveu a aparência de Bathsheba:

   "A Sra. Perron disse que acordou uma manhã antes do amanhecer e encontrou uma aparição ao lado de sua cama: a cabeça de uma velha pendurada de um lado sobre um velho vestido cinza. Havia uma voz reverberando: ‘Saia. Saia. Eu vou levá-la para fora com morte e tristeza.´"

No início, Bathsheba tratava Carolyn de forma apenas "cruel". Carolyn fora beliscada, estapeada, e teve objetos jogados sobre ela. Seu maior medo, fogo, logo foi descoberto pela entidade e usado repetidamente para aterrorizá-la, Bathsheba batia tochas contra sua cama, enquanto exigia que ela deixasse a casa imediatamente.

Conforme o tempo passava, os ataques ficavam piores. Como por exemplo, um dia Carolyn estava deitada no sofá, quando sentiu uma dor aguda na panturrilha. Ela examinou a perna e encontrou um grande ferimento sangrando que parecia "como se uma agulha de costura grande tivesse espetado sua pele". Mais tarde, após frustradas ameaças para que Carolyn deixasse a casa, Bathsheba tomou um rumo diferente e tentou invadir Carolyn por dentro. Acreditando que Carolyn tinha sido possuída, os Perron chamaram os investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren para ajudá-los.

Carolyn Perron olhando pela janela.

Ed e Lorraine Warren oferecem ajuda

Ed e Lorraine Warren são muitas vezes considerados como "os investigadores paranormais originais". Por décadas, eles ajudaram a investigar assombrações e possessões demoníacas em todo o país. Em muitos de seus casos, eles foram capazes de convencer o Vaticano a realizar exorcismos dos espíritos que eles encontraram. Os Perron ouviram falar dos Warren após uma de suas muitas palestras públicas e insistiram com eles para ajudar a salvar sua mãe. A essa altura, acreditava-se que Bathsheba já havia possuído Carolyn Perron fisicamente, e disso Ed Warren não poderia discordar.

A filha, Andrea Perron, se lembrou da noite em que o exorcismo ocorreu:

    "A noite em que pensei que veria minha mãe morrer foi a noite mais terrível de todas. Ela falou com uma voz que nunca tínhamos ouvido antes e uma força que não é deste mundo a jogou a 6 metros de distância em outra sala ".

Infelizmente, a verdadeira história da assombração da família Perron terminou de forma diferente da retratada no filme “Invocação do Mal” (The Conjuring). Na realidade, os Warren não tiveram sucesso na tentativa de libertar a família Perron de seu tormento infernal. Carolyn Perron lembrou da "terrível noite" e explicou que, apesar das intenções dos Warren serem boas, eles perceberam que as coisas "pioraram em torno deles". Como a situação ficou fora de controle, Roger Perron exigiu que os Warren deixassem o local imediatamente.

Ed e Lorraine Warren.
A fuga dos Perron de sua casa assombrada

Os Perron logo se tocaram que todos os ocupantes (com exceção do pastor de uma igreja local e sua família) da velha Fazenda Arnold haviam relatado fenômenos sobrenaturais na propriedade. Na verdade, o proprietário anterior aos Perron tinha contratado um empreiteiro para reformar a casa. O empreiteiro estava totalmente ativo na reforma da casa, quando de repente ele parou de trabalhar e simplesmente fugiu. Relatos dizem que ele saiu da casa aos gritos deixando para trás suas ferramentas e seu carro. Os proprietários acabaram nunca se mudando e a casa permaneceu vazia por vários anos antes da família Perron descobrir que ela estava no mercado.

Apesar das circunstâncias infelizes, as restrições financeiras manteve a família Perron enraizada no lugar por 10 longos anos. Incapazes de fugir, eles suportaram a inconveniência dos espíritos "amigáveis" e a tortura dos fantasmas malévolos. Finalmente, em 1980, por insistência de Carolyn, os Perron estavam financeiramente capazes de desocupar a casa. Eles se mudaram para a Geórgia.

O making of do filme "Invocação do Mal" (The Conjuring)
O filme de James Wan (que também fez Insidious, aqui no Brasil “Sobrenatural”), Invocação do Mal, foi baseado nos fatos que cercam a Assombração em Harrisville. O roteiro do filme foi baseado nos arquivos pessoais dos Warren, bem como informações que Carolyn Perron forneceu aos produtores. Lorraine Warren atuou como consultora durante as filmagens e apareceu no set para oferecer orientação enquanto o filme estava sendo filmado.

Na escada de baixo, estão sentadas as atrizers que interpretaram as cinco filhas dos Perron;
na escada de cima, respectivamente, estão sentadas as verdadeiras "garotas"
que passaram pelo terror em Harrisvile.
A história do lugar

A casa da Fazenda Arnold por volta de 1885: É possível que a suposta Bruxa Bathsheba Sherman esteja nesta foto?


A foto acima mostra a casa da família Perron no ano de 1885, quando ainda era a Fazenda dos Arnold. Embora seja possível que a suposta bruxa Bathsheba Sherman esteja nesta foto já que ela morava na fazenda vizinha, também é possível que ela já estivesse morta no momento em que esta foto da Fazenda Arnold foi tirada.

A mulher que está à esquerda do centro da foto, parece estar usando uma máscara cirúrgica. É provável que ela esteja tentando se proteger de uma das epidemias de bactérias da época, possivelmente difteria, tuberculose ou gripe. Vários vídeos e sites têm apresentado essa mulher da foto como sendo possivelmente Bathsheba. Essa ideia teve origem a partir de um vídeo feito para promover o livro "House of Darkness House of Light" de Andrea Perron, a mais velha das irmãs Perron. No entanto, o vídeo não faz nenhuma afirmação direta de que a mulher é Bathsheba. Ele apenas amplia a imagem da misteriosa mulher como uma sugestiva tática promocional quando se menciona a bruxa acusada. Também não foram encontradas evidências que provem o contrário, além disso não seria fácil para ninguém saber ao certo a identidade da mulher mascarada. Ela era a figura mais provável a ser escolhida na foto porque é a que mais se destaca e é também a mais estranha figura da foto, com olhar perdido e isolada de todos.

Olhando mais de perto, pode-se ver uma "outra" figura fantasmagórica nessa mesma foto. Parece haver uma mulher translucida, de cabelos longos e camisola, maior que as pessoas ao redor, bem no canto inferior esquerdo da foto.

Bathsheba Sherman
O túmulo de Bathsheba Sherman está localizado em um cemitério histórico no centro de Harrisville, Rhode Island. Embora a lápide tenha sido quebrada, ela é bem legível e o túmulo é bastante visitado por turistas.


Possível aparição de um fantasma

Devido a popularidade do filme “Invocação do Mal” (The Conjuring), os atuais proprietários da casa em Harrisville estão tendo problemas e passando por um momento difícil, não por causa dos fantasmas, mas por causa de invasores e turistas curiosos que querem conhecer o local onde a verdadeira história se passou.

Fonte: Assombrado 

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