sexta-feira, 4 de julho de 2014

Desastres do Futebol Parte 4

Dessa vez não vamos falar sobre uma fatalidade ocorrida em um estádio, mas sim de um acidente aéreo que tirou a vida de um time de futebol inteiro:



27 de abril de 1993 foi marcado por um trágico acidente, sem precedentes na história do futebol mundial: o avião que transportava o time de futebol da Zâmbia caiu no Oceano Atlântico, matando ao todo, cerca de 30 pessoas (18 jogadores, 4 dirigentes da Associação de Futebol da Zâmbia, 5 tripulantes, o presidente da Força Aérea da Zâmbia, um jornalista e um servidor público). Praticamente o time inteiro foi morto neste desastre aéreo.

Os Chipolopolo - como eram conhecidos - foram considerados como o "time dos sonhos" da Zâmbia.

A Zâmbia estava na luta para conseguir uma vaga na Copa do Mundo de 1994 que aconteceria nos Estados Unidos. Embora o futebol não fosse um dos pontos fortes dos países africanos, o time da Zâmbia vinha conquistando seu espaço na competição, chegando a ser tratado como "O time dos sonhos" pela torcida zambiana, e já haviam, inclusive, garantido seu lugar na Copa Africana de 1994, um grande marco para o
país.

A seleção conduzida pelos técnicos Godfrey Chitalu e Alex Chola, dos grandes futebolistas do país, se preparava para mais um jogo das eliminatórias. Os "Chipolopolo" (Balas de Cobre, no idioma bemba, em referência ao estilo veloz de jogo da seleção zambiana e ao metal cuja extração é vital para a economia do país) iriam enfrentar um grupo com Marrocos de Hajdid e Senegal para determinar o classificado para a Copa do Mundo, se não fosse pelo acidente que teria ceifado tão prematuramente a vida do time dos sonhos da Zâmbia.

O voo foi especialmente organizado pela Força Aérea da Zâmbia à Seleção nacional. A viagem estava com destino marcado: Dacar, no Senegal - com paradas em Brazzaville, no Congo, Libreville, no Gabão, e Abidjan, na Costa do Marfim.

Em Brazzaville, um dos motores do avião começou a dar os primeiros problemas de funcionamento. Mesmo sabendo do fato, o piloto cansado por ter feito uma viagem longa até as Ilhas Maurício resolveu simplesmente desligar esse motor com defeito e seguir viagem. Porém errou e desligou o motor errado, e a poucos minutos da chegada a Libreville, ocorreu um incêndio no motor esquerdo. A aeronave perdeu altitude, e caiu a 500 metros da capital gabonesa. Todos a bordo do avião morreram naquele dia.


Aos poucos, as trágicas notícias sobre a fatalidade foram chegando à Zâmbia. O país ficou em estado de choque, e as perdas irreparáveis de heróis, amigos, pais e irmãos nunca foram devidamente superadas pelo país que em termos futebolísticos jamais se reergueu e nunca teve tamanha alegria em mostrar-se para o resto do mundo. Milhares de torcedores zambianos choraram quando os corpos das 30 vítimas chegaram ao Aeroporto Internacional de Lusaka, e choraram novamente quando os 18 jogadores e os integrantes da comissão técnica da Seleção Zambiana foram enterrados no local posteriormente conhecido como "Heroes Acre", situado em frente ao Independence Stadium, estádio principal da Zâmbia.


Nem todo o time morreu no acidente. Kalusha Bwalya, principal jogador de futebol zambiano (atual presidente da Federação de Futebol e ex-treinador dos Chipolopolo) foi um dos sobreviventes da tragédia. Ele, na época jogador do clube holandês PSV Eindhoven, não estava a bordo do avião, pois havia feito um acordo para fazer seu próprio trajeto. Charly Musonda, então no Anderlecht, também escapou do acidente por estar lesionado e, consequentemente, não foi liberado para viajar.


Em fevereiro de 2012, 18 anos após a tragédia, a Zâmbia disputaria sua segunda final de Copa Africana de Nações, desta vez com a Costa do Marfim, que vinha como favorita em decorrência de sua campanha invicta na competição. Entretanto, a partida terminaria empatada sem gols, tanto no tempo normal quanto na prorrogação.

Lusaka Heros Acre - memorial criado em frente ao Independence Stadium,
com o nome de todos os jogadores que morreram no acidente.

Na decisão por pênaltis, Stophira Sunzu acertou a última penalidade e deu o primeiro título da CAN à Zâmbia. Os atletas dedicaram o triunfo às vítimas do acidente aéreo de 1993.


Este acidente aéreo foi o responsável por eliminar aquele que era considerado o time que surpreenderia o mundo na Copa de 1994, sem que desse à eles, uma chance de prorrogação.

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