Corpos de 800 bebês mortos foram encontrados em fossa Séptica no antigo lar irlandês para mães solteiras

Em uma cidade no oeste da Irlanda, onde um castelo em ruínas faz parte da paisagem verde, há um muro de pedra de dois metros, que envolviam um lugar chamado Casa. Entre 1925 e 1961, milhares de "mulheres impuras" e seus filhos "ilegítimos" passaram pela Casa, administrada pelas freiras Bon Secours em Tuam.

A Casa. Foto tirada por volta de 1950 (Cortesia de Catherine Corless/Tuam Historical Society).

Muitas das mulheres, depois de pagar uma penitência de trabalho escravo pela gravidez fora do

casamento, saíram da Casa em busca de emprego e vida em outras partes da Irlanda e além. Alguns de seus filhos não tiveram a mesma sorte.

Mais de cinco décadas após a Casa ser fechada e destruída - onde hoje há um conjunto habitacional e um parque infantil - o que aconteceu a cerca de 800 dessas crianças abandonadas surgiu agora: Seus corpos foram empilhados em uma fossa séptica enorme, localizada na parte de trás da estrutura, e jazem esquecidos, sem lápides e nem caixões.

"Os ossos ainda estão lá", diz a historiadora local Catherine Corless, que descobriu as origens da vala comum em um lote de documentos nunca antes lançado, disse ao jornal The Washington Post em entrevista por telefone . "As crianças que morreram no local, e por lá ficaram."

As conclusões sombrias, que estão sendo investigados pela polícia, fornecem um vislumbre de um momento particularmente sombrio para as mulheres grávidas solteiras na Irlanda, onde os costumes sociais e religiosos estigmatizavam-nas. Sem meios para se sustentar, milhares de mulheres acabaram na Casa.  "Quando as filhas ficavam grávidas, elas eram condenadas ao ostracismo por completo", disse Corless. "As famílias
tinham medo que os vizinhos descobrissem, porque engravidar fora do casamento era a pior coisa na Terra. Este era o pior crime que uma mulher podia cometer, mesmo que, em grande parte das vezes, a gravidez fosse decorrente de um estupro.

De acordo com documentos que Corless forneceu ao Correio da Irlanda, no domingo, a desnutrição e negligência matou muitas das crianças, enquanto outros morreram de sarampo, convulsões, tuberculose, gastroenterite e pneumonia. A mortalidade infantil na Casa era incrivelmente alta.

"Se você olhar para os registros, dois bebês morriam por semana, mas eu ainda estou tentando descobrir como eles puderam [colocar os corpos em uma fossa séptica]", disse Corless. "Eles não poderiam ter proporcionado caixões aos bebês?"

Tipos especiais de negligência e abuso foram reservados para a Casa dos Bebês, como os moradores locais o chamam. Muitos em comunidades vizinhas se lembram deles. Lembram-se de como eles eram segregados para os cantos das salas de aula, e como as freiras locais acentuavam as diferenças entre eles e os outros. Lembram-se de como, - disse um morador local a Irish Central, - eles "geralmente sumiam na idade escolar - seja por terem sido adotados ou mortos."

De acordo com a Irish Central , um relatório de 1944 do conselho de saúde local descreveu as crianças que viviam no Lar como "magras", "barrigudas", " frágeis" e com "carne solta nos membros."

Corless tem uma lembrança vívida da Casa dos Bebês. "Se você aprontasse em sala de aula, algumas freiras ameaçariam colocar você próximo ao Lar dos bebês", disse ela. Ela disse ainda, que lembrou um caso em que uma aluna mais velha envolveu uma pequena pedra em um papel de bala brilhante e deu o embrulho a outra criança na Casa dos Bebês, como um presente.

"Quando a criança abriu, viu que tinha sido enganada", disse Corless ao Irish Central. "Claro, eu copiei ela mais tarde e eu tentei fazer a brincadeira com outra menina da Casa. Eu pensei que era engraçado na época.. Anos depois, eu me perguntava: o que eu fiz para esse pobre menina que nunca viu um doce? Isso ficou comigo toda a minha vida. Uma parte de mim nunca se perdoou."

Ela disse que começou a investigar a Casa, que a maioria dos moradores queria "esquecer", quando ela começou a trabalhar em um jornal histórico anual local. Ela soube que havia um pequeno cemitério perto do que tinha sido a Casa, e que despertou sua curiosidade. Quantas crianças estavam lá?

Então ela pediu os registros através da casa de registro local para descobrir. O atendente "voltou um par de semanas mais tarde e disse que o número foi surpreendente! Eram centenas e centenas, e chegamos a cerca de 800 crianças mortas", disse Corless.

Uma vez, Corless disse em entrevista por telefone, que vários meninos tinham tropeçado na vala comum, que ficava debaixo de um pedaço de concreto rachado: "Os meninos me disseram que a vala estava cheia até a borda com crânios e ossos humanos. Eles disseram que até hoje eles ainda têm pesadelos depois de encontrarem os corpos."

Casa dos Bebês.

Os moradores suspeitam que o número de corpos na vala comum, que provavelmente logo será escavada, pode ser ainda maior do que 800. "Deus sabe quem mais está no túmulo", uma fonte anônima disse ao Daily Mail. "Está ali há anos, e ninguém sabe a extensão do total da fossa, e nem quantos corpos há lá embaixo."

Traduzido de Washington Post