Os oceanos eram habitados por enormes animais, em especial pelo que hoje é considerado o mais terrível e monstruoso dos predadores marinhos. O gigantesco animal foi um primo dos tubarões atuais, capaz de colocar no chinelo o Grande Tubarão Branco. Ele era uma máquina assassina, uma locomotiva com enormes dentes pontiagudos que recebeu o nome Carcharodon Megalodon (que significa literalmente "grandes dentes").
Esse animal foi um verdadeiro pesadelo que reinou absoluto nos mares pré-históricos. Felizmente essa criatura está extinta há quase 2 milhões de anos, mas mesmo hoje seu poder de fascinar e aterrorizar se mostra lendário.
Para falar do C. Megalodon, devemos começar falando dos seus dentes, pois são eles os fósseis mais numerosos e que permitiram tomar conhecimento da existência do animal em primeiro lugar.
Os dentes são de longe o mais comum dos fósseis encontrados do Megalodon. Com dentes medindo em média dezoito centímetros e com uma quantidade realmente assombrosa, não é estranho que eles sejam encontrados em vários lugares. Não se sabe há quanto tempo pessoas ao redor do mundo encontram e colecionam dentes de Megalodon, mas apenas em 1667 a ciência os reconheceu pelo que eles são. Antes disso, as pessoas acreditavam que esses fósseis fossem dentes de dragão, ou a língua deles transformada em pedra no momento em que eles morriam. A verdade veio a ser conhecida graças ao naturalista dinamarquês Nicolas Steno que relacionou supostos dentes de dragão, com os de outro animal igualmente temido, os grandes tubarões brancos.
Uma das razões para os dentes do Megalodon não terem sido identificados desde o início como pertencentes a enormes peixes, se explica pelo fato da maioria deles terem sido (e ainda serem) encontrados em lugares que não condizem com o típico habitat de tubarões. De fato, que não tem a ver com o de qualquer animal marinho. A maioria dos dentes foi achada em desertos ou cânions bem longe do mar.
Mas é preciso lembrar que os Megalodon viveram há milhões de anos e que desde então, a Terra passou por significativas mudanças geográficas com deslocamento de massas continentais e mares. No passado, onde haviam oceanos profundos em que nadavam os imensos Megalodon, hoje existem desertos com relevo recortado, repletos de cânions e ravinas que milênios atrás eram o fundo do mar. Lugares como Shark Tooth Hill na Califórnia, que recebeu o nome dos nativos americanos muito antes dos homens brancos chegarem. Os índios usavam as presas aguçadas dos Megalodon como facas e pontas de lança. Isso ajudou a preservar vários fósseis. De fato, da Flórida até a Califórnia, fósseis de Megalodon já foram encontrados. Isso sem mencionar artefatos semelhantes desenterrados na Europa Ocidental, no Sudeste Asiático, na América Central, Caribe e na Ásia.
Dente fossilizado de Megalodon ao lado de dentes de Tubarão Branco. |
Os dentes do Megalodon são normalmente comparados com os do grande tubarão branco, em virtude de sua similaridade, possuindo forma triangular e cerdas serrilhadas. Em virtude dessa familiaridade, particularmente por ambos possuírem as serras usadas para dilacerar, acredita-se que os hábitos alimentares dos dois animais eram bastante semelhantes evolutivamente. Ambos eram carnívoros de grande porte, com a diferença que o Megalodon era uma espécie de parente primitivo do tubarão atual.
Naturalistas conseguiram em alguns casos recuperar todos os dentes de um espécime, mais a mandíbula e as vértebras. Infelizmente, assim como os tubarões atuais, os Megalodons são peixes cujo corpo é formado quase que inteiramente por cartilagens moles e flexíveis. O material que constitui a cartilagem se decompõe muito rápido, pode-se dizer que no momento em que um animal com essa estrutura morre, seu corpo começa a se desfazer quase que imediatamente. No caso do Megalodon isso é verdade, tudo o que restou desses magníficos monstros foram alguns poucos restos fossilizados ou calcificados, que ao menos permitem fazer uma suposição de como eles eram. Para todos os efeitos, os Megalodon se pareciam muito com os atuais tubarões brancos, guardadas as devidas proporções.
A partir do momento em que se correlacionou os dentes do Megalodon com os dos tubarões atuais, a maioria das pessoas começou a se perguntar "de que tamanho eram esses tubarões pré-históricos"? A resposta mais honesta é que não se sabe realmente, uma vez que a ausência de uma estrutura óssea dificulta a medição do animal. Mas com base no que se obteve, paleontólogos e ictiologistas conseguiram realizar uma medição aproximada trabalhando com os dentes e vértebras encontradas.
Um dos métodos para se determinar o tamanho do Megalodon é relacionar suas dimensões com a profundidade do esmalte restante nos fósseis. Outro método envolve estimar o tamanho da raiz dos dentes do Megalodon e o raio de sua mandíbula, método utilizado algumas vezes para determinar o tamanho de tubarões atuais. Esse método conclui que cada centímetro de raiz de dente equivale a cerca de 129 centímetros de comprimento corporal. Usando essa engenharia regressiva estimou-se que esses animais poderiam medir entre 15-16 metros do focinho até o final da barbatana. É possível entretanto estimar realisticamente que alguns espécimens poderiam chegar a 17-18 metros. Há um dente recolhido no Panamá, no entanto, medido através desse critério que pode ter pertencido a um animal que atingiu 20 metros de comprimento, o que tornaria o maior tubarão branco já encontrado, um anão próximo dele. Para se ter uma ideia, esse tubarão seria do tamanho de um ônibus.
Com base nesses tamanhos e usando o tubarão branco como referencial direto de equivalência, é possível determinar também o peso dos Megalodon. Um espécime de 15 metros pesaria algo em torno de 22 toneladas. Já um animal de 18 metros pesaria quase 35 toneladas, enquanto um Megalodon realmente grande de 20 metros poderia chegar facilmente a incríveis 50 toneladas, mais do que uma baleia jubarte. O peso do Megalodon como se pode ver não progride de forma exponencial, um exemplar com 15 metros menos poderia pesar bem menos que a metade de um animal com 20 metros de comprimento. Isso ocorre porque os tubarões não concentram seu peso no comprimento, proporcionalmente animais maiores tem um diâmetro avantajado e consequentemente mais massa muscular responsável por torná-los mais pesados.
Mais uma comparação de tamanho, o Megalodon teria quase duas vezes o tamanho de uma Orca.
Também é interessante compreender que um animal em geral só atinge um determinado tamanho se o seu habitat for capaz de fornecer suas necessidades de alimentação, um fato da natureza baseado na lógica de que um corpo grande necessita de mais comida para transformar em energia. Não é exagero afirmar que o Megalodon passava praticamente a sua vida inteira em uma busca constante por comida.
Tubarões são geralmente considerados predadores oportunistas. O Megalodon, no entanto pode ser categorizado como "um dos mais formidáveis carnívoros que já existiram." Seu enorme tamanho, combinado com a alta velocidade que ele era capaz de atingir, e a poderosa mandíbula faziam dele uma extremamente eficaz máquina de matar, com um vasto espectro de presas à sua disposição. Entre as presas habituais estavam os cetáceo de menor porte, como golfinhos e baleias pequenas, cetáceos de grande porte, baleias brancas e azuis, arraias, tartarugas gigantes e até mesmo aves marinhas. Eles também atacavam os antepassados de mamíferos aquáticos como morsas e leões marinhos. Em essência, o Megalodon se alimentava de qualquer animal que ele encontrasse, ocupando o topo da cadeia alimentar. A ação de mais de um Megalodon em uma área podia causar um profundo impacto na estrutura das comunidades marinhas. Muitos biólogos supõem que por essa razão, os Megalodon costumavam se manter em movimento, raramente eliminando todas as presas em uma área a fim de poder retornar a ela após um longo ciclo. É provável que eles também seguissem o padrão de movimento de suas presas, sobretudo baleias.
Quando comparado ao tubarão branco, o Megalodon também se mostra um caçador mais eficaz. Além de empregar uma enorme velocidade para alcançar as suas presas, este animal visava a área das nadadeiras para limitar o movimento ou imobilizar totalmente seu alvo. A significativa quantidade de fósseis de baleia do Plioceno com ferimentos perceptíveis nas nadadeiras evidenciam a especificação do Megalodon em atacar a presa de modo mais eficaz. Uma mordida provocava um dano massivo que impedia qualquer chance de fuga da presa. Mesmo animais maiores e mais pesados, como o antepassado da Baleia Azul (com 25 toneladas a mais) eram incapazes de resistir a esse ataque letal.
Uma das estratégias preferidas do Megalodon era realizar um ataque ascendente, no qual ele se aproximava velozmente vindo de alta profundidade nadando quase em posição vertical. Um ataque bem sucedido dessa natureza era tão potente que podia quebrar a espinha de uma pequena baleia e matá-la com uma única investida.
Outra adaptação surpreendente dos tubarões que fazem deles predadores tão eficazes é o fato deles substituírem frequentemente seus dentes. Ao longo de um período de vida de 25 anos, um tubarão grande pode produzir até 20 mil dentes, um estoque que praticamente anula qualquer possibilidade de que seus dentes se gastem. Em uma mandíbula com três metros de largura e dois metros de comprimento, um magalodon tinha um estoque permanente de mais de 100 dentes.
A mordida do Megalodon é semelhante a dos tubarões atuais. Ao atacar uma presa, o animal cravava os dentes o mais fundo possível com uma pressão que podia alcançar 41 mil libras (apenas para comparação, a pressão máxima exercida pela mordida de um Tubarão Branco atinge 4 mil libras). Uma vez tendo agarrado a presa, o Megalodon movia a cabeça vigorosamente de um lado para o outro fazendo com que seus dentes serrilhados rasgassem e dilacerassem a carne da presa que se soltava em grandes pedaços. A mandíbula do tubarão possui a peculiaridade de se mover independentemente do crânio, ela se expande e rescinde de rasgar de maneira mais oficiente e empurrar os pedaços cortados para sua garganta. Mesmo que sua presa consiga escapar, o tubarão se alimenta dela no primeiro momento em que morde.
Mandíbula de Megalodon, montada em 19. |
A primeira teoria leva em consideração a possibilidade do surgimento de algum predador mais eficiente, capaz de subjugar o Megalodon. Em um primeiro momento parece pouco provável que algum animal pudesse tomar o lugar de um monstro dos mares, contudo, a desvantagem do Megalodon poderia estar em seu pequeno desenvolvimento cerebral. Embora fosse uma máquina assassina, o Megalodon se guiava unicamente pelo instinto de se alimentar. Outros animais, como o delphinid (uma espécie de baleia predadora) surgiram durante esse período e podem ter se tornado um competidor à altura. Mais do que competir por comida, esses animais podiam caçar o Megalodon. Mesmo sendo menores, os delphinids eram consideravelmente mais inteligentes e podiam caçar em bando: três ou quatro deles podiam vencer um tubarão em uma luta franca.
Mas apesar de ser plausível, os cientistas acreditam que a extinção esteja ligada a um resfriamento da
temperatura dos mares, ocorrida nesse mesmo período. O Megalodon, embora fosse magnífico de um ponto de vista biológico, não era capaz de se adaptar a mudanças drásticas de temperatura. Há evidências sugerindo que ao longo do Pleistoceno esses tubarões gigantes se dirigiram cada vez mais para o hemisfério norte em busca de águas mais quentes num período marcado por duas Eras do Gelo. Com o tempo, essas condições adversas podem ter liquidado o Megalodon. Um dos elementos chave da sobrevivência das espécies é a capacidade de se adaptar, algo que o Megalodon não possuía. Aqueles capazes de se adaptar desenvolveram uma resistência a mudança de temperatura, uma vantagem que o Tubarão Branco possui até os dias atuais.
temperatura dos mares, ocorrida nesse mesmo período. O Megalodon, embora fosse magnífico de um ponto de vista biológico, não era capaz de se adaptar a mudanças drásticas de temperatura. Há evidências sugerindo que ao longo do Pleistoceno esses tubarões gigantes se dirigiram cada vez mais para o hemisfério norte em busca de águas mais quentes num período marcado por duas Eras do Gelo. Com o tempo, essas condições adversas podem ter liquidado o Megalodon. Um dos elementos chave da sobrevivência das espécies é a capacidade de se adaptar, algo que o Megalodon não possuía. Aqueles capazes de se adaptar desenvolveram uma resistência a mudança de temperatura, uma vantagem que o Tubarão Branco possui até os dias atuais.
Finalmente, existe uma terceira hipótese viável. Sendo tão grande, o Megalodon necessitava de uma assombrosa quantidade de comida. Sabe-se que no período em que ele desapareceu, muitas espécies de baleias foram afetadas pelas mudanças climáticas. É possível que essa privação de alimento tenha causado um enorme impacto na cadeia alimentar e dificultado sua obtenção de presas. Com cada vez menos alimento disponível, muitos Megalodons podem ter se voltado para o canibalismo. Estima-se que um animal desse porte tivesse de comer algo em torno de 6 a 10 toneladas de carne por dia. Sem a sua fonte principal de alimento, os Megalodon começaram a devorar seus semelhantes ou mesmo seus filhotes em uma busca desenfreada pela sobrevivência o que reduziu seu número.
Para sobreviver, eles tiveram de diminuir de tamanho e adaptar a nova realidade. Os últimos espécimens conhecidos tinham dentes menores em relação aos seus antepassados e consequentemente dimensões corporais menores. É possível que dentro de gerações os Megalodon tenham progressivamente diminuído seu tamanho para sobreviver e dado origem ao seu descendente, o tubarão branco.
Desde a sua descoberta, o Megalodon se converteu em um fascinante objeto de curiosidade. Os primeiros cientistas e biólogos marinhos que se debruçaram sobre as evidências encontradas (leia-se "dentes") construíram fantásticos moldes para a mandíbula do animal e apresentaram conclusões equivocadas, algumas afirmando que o Megalodon poderia atingir até 30 metros de comprimento e pesar mais de 100 toneladas. Houve certo grau de exagero, mas os cientistas atualmente agem de forma mais comedida antes de apresentar suas teorias.
Muitas pessoas se perguntam se não poderia haver um Megalodon ainda perdido no mundo, algum espécime que tivesse por acaso escapado da foice letal que é a estagnação evolutiva. A possibilidade é quase nula para a maioria dos pesquisadores, mas essas conclusões não impedem o surgimento de rumores, boatos e até filmagens que mostram o que seriam Megalodon nadando em mares revoltos.
Se esse fosse o caso, os mares seriam o lugar menos seguro na Terra.
Fonte: Mundo Tentacular
ainda bem que essa belezinha não existe mais(assim eu espero)
ResponderExcluirOlha, achei alguns vídeos sobre supostas situações envolvendo o Megalodon, mas não pude averiguar a veracidade dos casos ainda, mas vai que.. HAHA!
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