quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Zumbis Mitológicos

Zumbis não são - como muita gente acredita - frutos de filmes de Hollywood. Pessoas que retornam dos mortos para perturbar os vivos existem desde os tempos mais antigos, e muitas culturas do mundo tem sua versão de morto-vivo. Vamos conhecer um pouco mais sobre essas criaturas, que nem sempre são famintas por cérebro:

DRAUGR


Segundo as crenças da Escandinávia medieval, havia duas maneiras principais para se transformar em um Draugr. O mais comum era que sujeitos especialmente desagradáveis, malvados e principalmente mesquinhos e gananciosos, acabassem se transformando depois de mortos. Por outro lado, assim como entre os famosos zumbis dos filmes,  também era algos transmissível por mordidas.


Esses zumbis vikings eram guardiões incansáveis  e guardavam um ciúmes doentio por seus bens materiais e tesouros (no caso, seus objetos preciosos que foram depositados em suas tumbas durante o enterro), e se vingam com requintes de crueldade daqueles que tentasse roubar o túmulo que habitam.

Além disso, os Draugar (plural de Draugr) são muito mais perigosos individualmente do que os zumbis lentos que estrelaram filmes B. Nas sagas escandinavas, são capazes de virar fumaça e atravessas as paredes de suas tumbas.

Sentem inveja dos bens e da felicidade dos vivos, e partem com o intuito de destrui-los, armados com uma força sobre-humana e, às vezes, com tamanho gigantesco. Reza a lenda que tinham um apetite voraz e insaciável, podendo devorar em segundos, vacas e cavalos inteiros de uma vez. Armas como espadas e lanças podem feri-lo, mas há poucos meios para se "re-matar" esta criatura - cortar sua cabeça fora, por exemplo.

Os antigos escandinavos tomavam precauções para evita-los. Uma das táticas mais comuns era pregar os dedões dos pés dos defuntos que tinham uma porcentagem maior de chances de se tornarem Draugar, de modo que o defunto não pudesse se levantar.

Outro truque envolvia colocar o morto dentro de um túmulo - um tipo de morro artificial com uma porta - de modo que seus pés entrassem primeiro, enquanto várias pessoas se aglomeravam do lado da cabeça do presunto. Dessa maneira, ele não teria uma visão clara de onde estava sendo depositado e não conseguiria achar a saída.

GHÛL


A mais antiga menção à essas criaturas está na celebre coletânea de contos árabes As Mil e Uma Noites. O termo "Ghûl" literalmente quer dizer Demônio e a própria origem da palavra mostra que este ser é um monstro híbrido.

Estes seres não são exatamente cadáveres reanimados, mas criaturas que se alimentam da carne dos vivos e dos mortos, e podem assumir a identidade daqueles que devora.

Além de frequentar cemitérios, o típico Ghûl também pode ser encontrado no deserto, assumindo a forma de uma hiena (animal conhecido por devorar até os ossos mais duros dos cadáveres) e tentando atrair pessoas, em especial, crianças pequenas, para beber seu sangue e depois devorá-las. A ganância presente nos zumbis escandinavos também é uma evidente característica do Ghûl, que tem um fraco pelas moedas carregadas por suas vítimas.

Outra estratégia usada pela criatura, se os alvos forem homens adultos, é assumir a aparência de uma mulher jovem e bonita - aliás, os textos mais antigos sobre Ghûls parecem se referir a eles principalmente como criaturas com formas femininas.

Haveriam maneiras de se subjugar um Ghûl? Algumas tradições atribuídas a ninguém menos que o próprio profeta Maomé, o fundador do Islamismo, dizem que pronunciar versículos do Corão, livro sagrado do Islã é tiro e queda - a criatura fugiria como o diabo foge da cruz. Outro macete é acertar o monstro com um único e forte golpe de espada. A chave é que seja apenas um golpe - alguns Ghûls enganariam seus adversários dizendo que uma única espadada seria incapaz de de matá-los, mas vários golpes teriam o efeito contrário. Após a segunda espadada, só mil golpes seriam suficientes para destruir o monstro.

RO-LANG


Há quem diga que o Ro-lang, criatura do folclore tibetano, seja a figura tradicional mais parecida com os zumbis que se tornaram populares no cinema e na TV. Os monstrengos são tão descoordenados e desmiolados que a precaução mais comum contra ataques deles na zona rural do Tibete era muito simples: construir casas com as portas baixas. Incapazes de dobrar o corpo, os ro-langs não conseguiriam passar pelo umbral da porta e ficariam presos do lado de fora. Esse tipo de morto-vivo também é incapaz de falar.

O zumbi tibetano pode ser "criado" por um feiticeiro, que usa o próprio corpo do morto-vivo para turbinar seu poder. Mais especificamente, o necromante que cortar a língua desse tipo de zumbi pode transformá-la numa espada mística, enquanto o resto do cadáver vira ouro.

Há, no entanto, uma versão ainda mais temível da criatura, que surge sem intervenção humana. Nesse caso, um espírito malévolo consegue possuir o corpo de um defunto antes que ele seja sepultado, gerando um tipo de zumbi que é capaz de "transmitir" sua condição para pessoas vivas, tocando-lhes na cabeça.

Como derrotar um monstro desses? Depende. A tradição tibetana afirma que há vários tipos de ro-langs, cuja vulnerabilidade está na pele, no sangue, na carne, nos ossos ou, imagine só, nas verrugas. Basta cortar sua pele ou derramar seus sangue para que ele volte ao estado inanimado. Por outro lado, os ro-langs do "tipo verruga" são os mais difíceis de combater, já que, para isso, é preciso destruir a tal verruga, e ela pode estar em qualquer lugar do corpo da criatura.


ANCHIMAYEN


A cultura dos mapuches, um grupo indígena do Chile e da Argentina, imaginou outro tipo de morto-vivo criado por feiticeiros malévolos, o Anchimayen ou Anchimallén.

A "matéria-prima" de um Anchimayen é o corpo de uma criança pequena que morreu de repente, cujos ossinhos são reanimados pelo Calcu, o necromante mapuche. A criaturinha é então alimentada com sangue (de preferencia humano, como você deve imaginar), embora também aprecie leite e mel. Conta-se que ele emite um choro parecido com o de um recém-nascido e que é capaz de emitir uma luz intensa e fantasmagórica.

Uma vez "produzido" pelo Calcu, o Anchimayen pode realizar uma série de tarefas para o mago, a maioria delas envolvendo sortilégios para causar doenças e morte entre os inimigos do feiticeiro mapuche. Existiria ainda, a figura do Anchimayen "de aluguel": gente com más intenções pagando um bom dinheiro para que um Aalcu criasse esses monstrinhos para ajudá-las a prejudicar algum adversário.

E há até um ditado que diz "O Anchimayen perde a vida por ser guloso". Explica-se: segundo as crenças mapuche, há quem tente seduzir o monstrinho com oferendas de sangue, leite e mel, para que ele deixe o Calcu e passe a realizar os desejos de outro amo. Ao perceber isso, os feiticeiros mapuche seriam capazes de destruir a criança zumbi.

Veja também: Documentário - A Verdade sobre Zumbis

Fonte: Revista Superinteressante - Zumbis

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