Um Kuntilanak (ou "Pontianak) é o espírito de qualquer mulher grávida, que tenha morrido tragicamente antes de dar à luz. Uma pista sobre essa origem pode ser encontrada em seu nome alternativo "Pontianak" que é derivado do pon (Puan, abreviação de Perempuan, que significa "uma mulher"), ti (abreviação de mati, ou seja, morte) e anak (criança). Esta criatura mítica encontra sua origem na antiga mitologia Malaia, que o descreve como um fantasma feminino, usando um longo vestido branco. A morada mais tradicional deste tipo de espírito da natureza são pântanos, florestas, e principalmente em troncos de figueiras e bananeiras.
O primeiro relato de Kuntilanak conhecido data de meados do século 18. Diz a lenda, que Syarif Abdurrahman Alkadrie, o primeiro sultão do Pontianak Sultanato (estado governado por uma monarquia, na província de Pontianak), supostamente teria afirmado ser perseguido por um Pontianak vingativo. O Pontianak Sultanato foi construído sobre os pântanos ao longo da costa oeste de Kalimantan. Nas culturas do sudeste asiático, pântanos são considerados lugares misteriosos, onde habitam os espíritos da natureza. Apesar dos conselhos dos habitantes locais para estabelecer o sultanato em outros lugares, o sultão permaneceu indiferente às crenças da população de Kalimantan - o povo Dayak. E assim, Syarif Abdurrahman Alkadrie foi vítima de um pontianak. Devido a este acontecimento horrível a cidade foi nomeada Pontianak.
A kuntilanak ou pontianak tem uma característca típica de um fantasma asiático: seu rosto é coberto por seu longo cabelo escuro. No entanto, também é dito que um kuntilanak é capaz de transformar-se para uma mulher atraente. Ela geralmente se transforma para tentar seduzir os homens, que são em sua grande maioria os alvos preferidos de sua ira. As razões para isso ainda são um mistério, mas sugere-se, que em resposta a uma morte violenta, o espírito de uma mulher é alimentado por um desejo ardente de vingança contra pessoas do sexo oposto (ou seja, os homens). Desta forma, então, um kuntilanak inicia retaliação sobre os homens por causa de sua incapacidade de dar à luz a uma criança. Quando o kuntilanak revela a sua natureza demoníaca, ela se torna uma criatura assustadora.
Kuntilanak geralmente é considerado o fantasma de uma pessoa falecida, por isso, faz sentido que o espírito permanece em um estado de caos e confusão depois de morrer de maneira violenta. A incapacidade de reconhecer, compreender e aceitar a sua morte causou o aprisionamento do espírito, entre este mundo e o outro. Por estar preso em um reino intermediário, o kuntilanak acumula, assim, karma negativo ao cometer maldades. Esta acumulação de karma ruim impede o espírito errante de passar para a próxima vida onde aguarda um renascimento mais afortunado. Por esta razão, muitos místicos (ou dukuns) tentam ajudar esses espíritos à acumular méritos e virtudes, para que possam avançar para a próxima vida. Assim, quando a morte violenta de uma mulher grávida for relatado, seus parentes mais próximos muitas vezes chamam um dukun, afim de evitar que o espírito da pessoa falecida se transforme em um kuntilanak.
O dukun terá de realizar vários rituais sinistros no túmulo da pessoa falecida. Ele vai passar 24 horas ao lado do túmulo, onde ele se envolve em extensos rituais de adoração, enquanto canta vários feitiços e invocações. Obviamente, para realizar este ritual com sucesso, o dukun precisa ter grande força de espírito e concentração inabalável, pois o espírito da pessoa falecida tentará atacá-lo no momento em que for invocada. Em seguida, o dukun precisa enfraquecer o espírito vingativo através de cânticos e feitiços poderosos. Uma vez que o fantasma prejudicial é subjugado, o dukun expressa suas intenções de boa vontade e explica que ele quer ajudar o espírito como um ato de compaixão. Depois que o espírito tenha reconhecido as verdadeiras intenções do dukun, ela lhe dará a permissão para continuar o ritual; o dukun pode então proceder com a cerimônia, extraindo fluidos corporais do cadáver. Esta parte do ritual envolve a utilização de uma vela consagrada que irá ser utilizada para "derreter" a carne do queixo do corpo. A gordura que pingar do queixo queimado é coletado em um pequeno frasco.
O conteúdo da garrafa é misturado com vários outros ingredientes para melhorar o poder místico do óleo, chamado de minyak dagu, o que significa literalmente "óleo de queixo'. Na Tailândia, o óleo é conhecido como nam man prai (literalmente "óleo de espírito"). Minyak dagu é considerado um poderoso item mágico, que pode ser usado para encantamento e sedução do sexo oposto. A partir do momento em que kuntilanak concordou em respeitar as regras rígidas impostas pela dukun, ao espírito feminino, assim, é dada a oportunidade de realizar atos meritórios ao servir os seres humanos. Em última análise, através realizando atos de boa vontade, o kuntilanak acumula um bom carma que permite que ao espírito, renascer.
O fato é que Kutilanak vem aparecendo com mais frequência a cada ano, e suas aparições não se restringem apenas à Indonésia, sendo comumente vista também em regiões da Malásia.
Kuntilanak causa arrepios entre indonésios e malaios porque o vulto dela costuma surgir em fotos e vídeos. O mito é tão forte que já virou tema de filmes, seriados e incontáveis matérias de televisão, jornais e revistas, além de documentários.
Os relatos tomaram força depois do surgimento das redes sociais, onde as pessoas viram uma oportunidade de compartilhar suas imagens e histórias.
Veja outras fotos:
Kuntilanak mexe tanto com a curiosidade das pessoas, que já foi tema de vários filmes de terror. O primeiro filme que fala abertamente sobre este espírito chama-se Anak Pontiniak, de 1958, que pode ser assistido abaixo (infelizmente não há legendas).
O filme mais atual sobre Kuntilanak data de 2013, e chama-se Paku Pontianak.
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